“50 anos do primeiro disco do Led Zeppelin”

Intitulado apenas com o nome da banda, o registro surgiu oficialmente primeiro nos EUA, durante turnê pela América dos rapazes que, por conta de uma briga judicial com a família dona dos dirigíveis, ainda se chamavam New Yardbirds, alusão à primeira banda do guitarrista, Jimmy Page.

Só dois meses depois é que o grupo, agora devidamente usando o nome Led Zeppelin, lançaria o registro em casa, na Inglaterra. A crítica especializada tomou um susto, classificando o disco como muito barulhento.

Um dos pesos pesados da música mundial, com mais de 300 milhões de discos vendidos, a banda sintetizou em nove faixas desse álbum de estreia a fórmula de um dos subgêneros do rock mais populares entre os jovens. Ou seja, tocar cada vez mais alto e pesado, usando e abusando das distorções nos riffs das guitarras. A capa, com imagem do dirigível que matou 35 dos 97 passageiros em 1937, foi bolada por Page e o artista gráfico George Hardie.

Formado por Jimmy Page, ex-guitarrista dos Yardbirds com ampla experiência como músico de estúdio, o Led Zeppelin:  Robert Plant, vocal e harmônica, John Paul Jones, baixo e teclados e John Bonham, na bateria, era uma dessas bandas barulhentas que, com seu som pesado e atípico, transformou-se rapidamente num fenômeno cultural e musical de massa.

Com produção do próprio Page, o disco gastou apenas 36 horas de gravações nos estúdios Olympic, em Londres, para entrar para a história. Isso porque a mistura eficiente de blues da melhor qualidade com folk eletrificado, riffs cheios de personalidade e vocais explosivos estava muito bem ensaiada. Das nove faixas, duas são releituras bem particulares de clássicos do bluesman Willie Dixon: You Shook Me e I Can’t Quit You Baby.

O álbum abre com a arrepiante Good Times, Bad Times, marcante pela possante combinação de baixo e bateria. Babe I’m Gonna Leave You, canção folk de uma universitária californiana gravada por Joan Baez, ganha versão poderosa potencializada pela guitarra alta de Page e a voz lasciva de Plant. É daquelas típicas pseudobaladas zeppelianas que vão num crescendo a cada minuto. O blues hipnótico Dazed and Confused renderia um processo de plágio contra Page.

Your Time Is Gonna Come, talvez a melhor faixa do disco e uma das melhores do Zeppelin, narra a história de perdição de uma garota infiel. Encanta não apenas pela introdução mágica de órgão de John Paul Jones. Faixa mais violenta do álbum, Communication Breakdown mostra todo o virtuosismo de Page nas guitarras, enquanto a épica How Many More Times, construída a partir de pequenos pedaços criados pelo músico em sua fase Yardbirds, denuncia a química perfeita da banda em ação, como se cada um fosse os quatro elementos da natureza.