“Justiça e justiceiros”

Sérgio Moro e Dalagnol estão na berlinda. A dupla “Batman e Robin” de Curitiba, prova dos artifícios que usaram e abusaram no auge da Lava Jato, os vazamentos de áudios e conversas para a imprensa. Eles encontraram pela frente uma jamanta, um jornalista americano radicado no Brasil, craque em reportagens internacionais.

Nos primórdios da Operação que encabeçaram, achei tudo um verdadeiro barato. Pensei comigo: finalmente apareceu alguém decente para fazer a faxina e colocar ordem nesse “poleiro”. Cheguei até a fazer algumas postagens e artigos defendendo o juiz maringaense e seus métodos iniciais.

O tempo passou e foi ficando mais claro, dia após dia, que havia um único objetivo na Operação, a partir do momento que o PT entrou na jogada: tirar o partido do poder. Não que o partido não deveria deixar o poder, mas não nos métodos utilizados pelos justiceiros de Curitiba.

Os diálogos vazados pelo Intercept apenas comprovam o que estava claro através dos fatos: juiz e procuradores fizeram “tabelinha”, o que a regra do jogo não permite. Acontece em todo lugar? Não tenho dúvidas, mas a regra é clara, como diria “Arnaldo”. Não pode. O outro lado joga em desvantagem.

Não sei onde isso vai parar, mesmo porque não imaginamos o que as próximas gravações vão revelar. Brasília está em ebulição, e a classe política se deleita com Sérgio Moro na berlinda. Vaidoso e arrogante, Moro menosprezou uma espécie que jamais pode ser desconsiderada.

Não fosse tão ambicioso, o ex-magistrado e hoje político-ministro deixou escapar a chance de entrar para a história como um dos grandes nomes da nova república. Picado pela mosca azul, deve entrar por outro motivo: um juiz que usou sua toga para atacar inimigos e tentar implantar um projeto de poder a partir do judiciário: a regra é clara.