Os desafios para se estudar a noite

Matéria publicada na edição do jornal Agora 402

Texto: Redação do Jornal Agora

Ano a ano as turmas do ensino noturno vem diminuindo em Mandaguari

A redação do Portal Agora recebeu uma reclamação um quanto curiosa dias atrás, de um pai que não conseguia transferir sua filha, estudante do terceiro ano do ensino médio, para o turno da noite. Segundo o reclamante, na época, em Mandaguari havia apenas uma turma da série sendo ofertado a noite, e que a sala teria perto de 80 alunos matriculados, com uma fila de espera aguardando vaga.

Para quem está na faixa dos 40 anos, não é difícil de encontrar quem não recorreu ao ensino noturno, pois na maioria das vezes, o jovem conseguia um trabalho o que era fundamental para ajudar nas despesas de sua casa. Praticamente todos os estabelecimentos de ensino estadual ofertavam a possibilidade de se estudar à noite.

Conforme as informações repassadas pelo pai, a filha tem 17 anos e teria sido selecionada por uma empresa para uma vaga do projeto “Jovem Aprendiz”, e para isso teria que estudar a noite.

Com base nessa reclamação, o Jornal Agora ouviu pessoas ligas a educação, escolas e o Núcleo Regional de Educação, para entender por que isso acontece e quais podem ser as consequências e as dificuldades que os jovens que precisam trabalhar podem encontrar ao tentar se matricular no ensino noturno.

Conforme o levantamento feito pela reportagem através de contatos feitos com dois dos principais colégios estaduais de Mandaguari, o José Luiz Gori e Vera Cruz (CEVEC), o primeiro não oferta o Ensino Médio regular a noite, e sim na modalidade “Educação de Jovens e Adultos” (EJA), com três turmas, uma para cada série, com aproximadamente 60 alunos, somando todas as salas. Já a única sala no colégio Vera Cruz, depois de pedido feito ao Núcleo de Educação, a única turma do Ensino Médio regular foi dividida para a abertura de uma outra, para atender a demanda que aguardavam por uma vaga.

O governo do estado Paraná vem desde de 2020 diminuindo gradualmente as vagas destinadas ao estudo noturno, em contato com Isabel Cristina Domingues Soares Lopes, Chefe do Núcleo Regional de Educação de Maringá, segundo ela, o estado não tem o proposito de acabar com o ensino noturno, mas sim otimiza-lo. “Se o aluno não trabalha e não possui nenhum vínculo empregatício como estagiário ou jovem aprendiz, não tem porque estudar a noite. Então o que queremos é que o aluno fique mais tempo no colégio. Nesses últimos anos a procura para o ensino noturno diminuiu, é uma tendencia que nós estamos acompanhando”, relata Isabel Cristina.

Ainda conforme a chefe do Núcleo Regional de Educação, se as salas que já existem nos turnos da manhã e tarde, conseguem atender essa demanda o ideal é que o aluno estude no diurno. Isabel Cristina enfatiza que a procura para os cursos profissionalizante diminuiu drasticamente, “Os cursos técnicos eram ofertados em um grande número de escolas, com bons resultados, mais que acabaram fechando por falta de alunos. É feito um estudo minucioso se os alunos que frequentam o noturno estão frequentando, se estão aprendendo. Além da desistência o baixo índice de aprendizagem é analisado para abertura de novas turmas a noite”, finaliza.

O que é o projeto Jovem Aprendiz

O projeto “Jovem Aprendiz” é uma iniciativa que visa proporcionar oportunidades de emprego e desenvolvimento profissional para jovens que estão iniciando suas carreiras. Esses programas costumam ser direcionados a jovens entre 14 e 24 anos, visando combinar educação formal com experiência prática no local de trabalho.

Os projetos “Jovem Aprendiz” normalmente são implementados por empresas ou organizações em parceria com instituições de ensino e órgãos governamentais. O objetivo é capacitar os jovens por meio de cursos teóricos e práticos, oferecendo-lhes a chance de adquirir conhecimentos específicos e habilidades técnicas em uma determinada área profissional.

Os participantes do programa de Jovem Aprendiz geralmente são contratados por um período de tempo específico, durante o qual recebem um salário e têm a oportunidade de aprender e praticar habilidades relacionadas ao trabalho. O programa pode abranger várias áreas, como administração, vendas, atendimento ao cliente, tecnologia da informação, entre outras.