Caso Magó: 32 dias de agonia
Na quarta-feira (26) fez um mês que a bailarina maringaense Maria Glória Poltronieri Borges, 25 anos, foi encontrada morta. Seu corpo foi encontrado por familiares na manhã do dia 26 de janeiro na Zona Rural de Mandaguari, próximo da Cachoeira do Massambani.
Maria Glória chegou a uma chácara, que fica a poucos metros da cachoeira, na tarde de sábado (25/1), acompanhada pela mãe, Daísa, e pela irmã, Ana. A chácara é uma propriedade particular destinada a acampamentos e retiros espirituais e muito frequentada por pessoas da região e de outras cidades.
Conforme declaração da proprietária da chácara, Magó ficaria acampada no pátio, próximo à casa da família, porque naquele dia estava acontecendo um treinamento de brigadistas no local, mais por voltadas 16h30 ela deixou a propriedade dizendo que iria acampar as margens da cachoeira.
Naquele mesmo dia assim que não notaram mais a presença da bailarina a equipe que fazia treinamento iniciou uma busca, mais não localizaram Maria Glória. No domingo, seu corpo foi localizado em uma trilha, com evidencias de violência sexual e estrangulamento como causa da morte. “Acreditamos que ela foi morta em um local distante e depois foi deixada na trilha”, comentou Maurício Borges, pai da vítima na época do crime.
Quem era Maria Glória
Filha dos maringaenses Daísa Poltronieri e Maurício Borges.
Magó atuava profissionalmente na dança desde 2008 onde ingressou na Cia Pavilhão D (São Paulo-SP) para aprofundar o meio das linguagens corporais em técnicas como o Ballet Clássico, e a Dança Contemporânea, com diversos Maestros da dança.
Ministrava aulas de Ballet Clássico Avançado, Contemporâneo e Contato-Improvisação na Academia Daisa Poltronieri. Graduanda em Artes Visuais na UEM (Universidade estadual de Maringá) e Capoeirista na ACCAME (Associação Cultural de Capoeira Mandinga-Ê).
Em uma entrevista para a Agora Comunicação, Maurício Borges, contou sobre as mudanças na rotina da família após o brutal assassinato da jovem. “A gente está muito devastado com tudo o que aconteceu, e esperando que a Justiça seja feita. Pra nós tem sido cada dia uma batalha nova, pra poder suportar essa dor”, detalha.
A investigação
A investigação foi comandada pelo delegado da 55ª Delegacia da Polícia Civil de Mandaguari, Zoroastro Nery do Prado Filho, que ouviu mais de 50 pessoas, entre as que estiveram no local no dia do crime, familiares e suspeitos.
Nesses 32 dias, uma força tarefa foi montada no intuito de identificar o mais rápido possível os autores do assassinato. A Polícia Civil fez diligencia na cidade de Apucarana e Marialva. Em Apucarana foi ouvido pessoas que estiveram na chácara e foi cumprindo um mandado de busca e apreensão na cidade. Após receber uma denuncia anônima que informava que um grupo de pessoas de Marialva esteve no local no mesmo dia do assassinato, os policiais foram averiguar as informações e tentar identificar quem seriam essas pessoas para intimá-las e serem ouvidas.
No dia 19 de fevereiro a Polícia Civil esteve no local do assassinato, junto com os policiais estava um dos três suspeitos que tiveram o seu material genético coletado e enviado ao Instituto Médico Legal (IML) de Curitiba.
Segundo informações o delegado Zoroastro Nery queria que o rapaz esclarecesse por onde ele passou na noite em que Magó foi assassinada. Mais outras duas pessoas tiveram materiais genéticos coletados, a Polícia Civil não divulgou detalhes sobre os suspeitos para que não atrapalhe o ruma das investigações.
Na quarta-feira no dia que o assassinato completava um mês, Zoroastro Nery, declarou que aguardava os resultados exames e que acreditava que esses resultados sairiam na primeira quinzena do mês de março.
30 dias
A morte de Maria Glória mobilizou seus familiares e amigos em um grande manifesto que reuniu centenas de pessoas em repúdio ao feminicídio em Maringá no dia 1 de fevereiro. Outras cidades fizeram atos em memória de Magó, e manifesto contra a violência sofrida por mulheres foram realizados em estados brasileiros e fora do país.
Na quarta-feira (26) dia que marcou um mês, uma missa foi celebrada nas Paróquias Menino Jesus de Praga e São Francisco Xavier em Maringá. No mesmo dia, Maurício Borges, pai da bailarina, divulgou em suas redes sociais um vídeo para lembrar a data. Nele Mauricio relata o sofrimento vivido pela família, e para que crimes como o feminicídio não permaneçam impunes.
No próximo dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher, das 8 às 11 horas, no gramado da Catedral Nossa Senhora da Glória, centro de Maringá, acontece a manifestação Criação Coletiva – Painel de Cerâmica – Homenagem à Magó. O ato é para não deixa cair no esquecimento a morte brutal de Maria Gória.