Homicida e Magó lutaram violentamente antes do crime

 Dia 4 de fevereiro: exatos dez dias após a morte de Maria Glória Poltronieri Borges, 25 anos, o delegado de Mandaguari, Zoroastro Neri do Prado Filho, passou a ter certeza que o soldador Flávio Campana, 40 anos, havia não só matado, mas estuprado e lutado violentamente contra a bailarina maringaense.
Os indícios estão em documento obtido com exclusividade pelo Jornal Agora, com inúmeras fotos do apucaranense, que mesmo preso, nega de maneira fria a autoria do crime. Em sua versão, Campana reafirma que as escoriações são provocadas por seu trabalho, no segmento de calhas e rufos.
Em seu relatório, o médico legista Roberto Oliver Lages, da Secretaria de Segurança Pública do Paraná, é categórico: as lesões em seu corpo são de uma ação contundente, ou seja, provocada por outra pessoa, e descarta totalmente a possibilidade de terem sido provocadas por outros meios.

Desconfiança
Para chegar até o criminoso, a Polícia Civil contou com um exaustivo trabalho de investigação e até uma dose de sorte. Isto porque no dia da morte da bailarina, um grupo de bombeiros de Arapongas fazia treinamento no local, e inúmeras fotos foram feitas na região da cachoeira onde Magó estava acampando.
Com as imagens em mãos, os investigadores observaram dois rapazes no local, e iniciaram uma busca no banco de dados da policia que eventualmente os identificasse. Dias após, ao cruzarem informações, descobriram que um dos frequentadores da região era Campana.
Em sua ficha criminal, uma condenação por estupro na região Vale do Ivaí e seis anos de prisão pelo crime cometido anos atrás. Atualmente o soldador está solteiro, após o fim de um relacionamento, e tem um filho pequeno.

DNA
Diante de todos os indícios, restava à polícia ter a certeza da autoria, e um exame de DNA tirou qualquer dúvida dos delegados e investigadores. Suas impressões digitais estavam espalhadas pelo corpo da vítima. E mais: havia esperma de Flávio Campana na vagina e em roupas íntimas de Maria Glória.
Em 24 horas, com um mandado de prisão em mãos, uma operação foi montada para a madrugada de sexta-feira (28) em três possíveis endereços do criminoso em Apucarana, com equipes da polícia civil de plantão nos locais.
Antes das 8 horas da manhã, Flávio foi preso na residência de sua mãe, na Avenida Curitiba, centro da cidade, em um apartamento antigo. Acordado pela ação policial, não esboçou qualquer reação e se entregou.

Mudança de versão
Após negar ter tido contato com Magó ou mesmo tê-la visto no dia do crime, Flávio Campana mudou a sua versão para o caso na tarde de sexta-feira (28), horas após sua prisão.
O acusado disse à polícia que praticou sexo com Maria Glória no dia do crime, mas que a relação teria sido consentida pela jovem. A admissão ocorreu após o soldador constituir advogado de defesa no caso. Sobre a morte, manteve a negativa da autoria.