Análise: O impacto da inadimplência no comércio local

Observa-se que os dados registrados pelo comércio local apresentam uma redução considerável da inadimplência em -10,9% entre os anos de 2016 e 2017, que com certeza deve ser comemorada pelo comércio local.

De maneira geral temos a salientar que os fatores, emprego e renda são predominantes para determinar as variações da inadimplência. Para tanto se observa os resultados dos índices do Produto Interno Bruto – PIB do Estado do Paraná, que é mais próximo de nossa realidade.

O mesmo vinha de uma sequência extremamente negativa a partir do ano de 2014 com queda de -1,5%, em 2015 com -3,4% e 2016 com -2,6%, ou seja, um acumulado negativo de -7,7% calculado de forma capitalizada, sendo que esse cenário foi revertido positivamente no ano de 2017 com crescimento do PIB/PR em +2,5% quebrando a sequência negativa dos três anos anteriores, lembrando que ainda ocorreu uma injeção de recursos ao consumidor final através das liberações dos saldos do FGTS.

Além disso, mesmo que tímida, a recuperação do emprego e renda permitirá mais capacidade dos inadimplentes em negociar com os credores objetivando sair definitivamente das listas de restrição. Entretanto pode-se argumentar que no município de Mandaguari não houve percepção de crescimento considerável do nível de emprego, até porque a maior concentração está em cerca de seis grandes empresas instaladas no município.

Para tanto justifica-se que o crescimento da renda comparativa possível foi com o Estado do Paraná, significando que também o potencial de consumo e liquidação de pendencias locais está ligada a renda que vem de fora, de outros municípios do estado, como por exemplo, Maringá, Apucarana, Londrina e outros.

No ano de 2018, embora os dados apresentam um crescimento na inadimplência local, o índice deste aumento foi de apenas +0,75% registrando um equilíbrio entre 2017 e 2018, praticamente uma estagnação, manutenção da realidade, que segundo esses números não devem ser tão preocupantes mas deve com certeza ascender o “sinal amarelo” para as empresas que devem aprimorar cada vez mais seus sistemas de gestão de carteiras de cobrança, na expectativa que a economia possa melhorar daqui para frente.

Então, quanto ao impacto direto da inadimplência na economia local lembra-se que o próprio Sistema Financeiro Nacional, altamente regulamentado, na prática para seu perfeito funcionamento, necessita que a inadimplência seja mínima ou inexistente, porém a realidade local não é muito diferente da nacional onde as instituições financeiras trabalham com ofertas de créditos a juros de 1,8% a mais de 12,0% ao mês dependendo da linha de crédito, chegando a superar os 300,0% anuais, muito distante da taxa básica de juros, a Taxa SELIC estabelecida pelo COPOM a 6,5% ao ano.

Assim, a inadimplência é um dos fatores impactantes da economia tendo em vista que tais instituições financeiras adotam altas taxas de risco chamadas SPREAD, provocando essa grande diferença entre os juros básicos e os juros praticados por elas no mercado, é como uma espécie de proteção dos bancos contra as inadimplências. Crédito caro é ruim para empresas e consumidores, situação que poderia melhorar se a redução drástica ou eliminação da inadimplência fosse uma realidade, mas por enquanto ficamos no sonho.

Prof. Dr. Ivan Moraes é Docente de Economia e Planejamento Estratégico na FAFIMAN em Mandaguari-Pr. Docente de Finanças na Faculdade de Negócios ATOPP Brasil em Londrina-Pr. Graduado em Economia e  Administração. Doutor em Ciências Empresariais