A busca pelo ensino noturno em Mandaguari
A busca pelo ensino noturno em Mandaguari
Em anos anteriores, todos os colégios estaduais da cidade ofertavam aulas à noite.
A busca por aulas noturnas tem diminuído gradativamente nos últimos anos. Com isso, no início de cada ano letivo, surge o mesmo questionamento entre pais e alunos que precisam conciliar trabalho e estudo: haverá turma à noite em Mandaguari?
Como já ocorreu anteriormente, uma mãe entrou em contato com a equipe de redação do Portal Agora para relatar que sua filha começará a trabalhar durante o dia e precisará estudar à noite. Ao buscar informações no Colégio Estadual Vera Cruz, o único dos três colégios públicos de Mandaguari que ainda oferecia ensino noturno, foi informada de que a baixa demanda impediria a formação de uma nova turma.
A mãe destaca que o ensino noturno não só ajudaria sua filha, mas também muitos outros adolescentes que desejam trabalhar. “Temos muitos jovens que estão trabalhando como Jovem Aprendiz e até mesmo buscam o primeiro emprego e que não querem parar de estudar e para isso precisam de uma vaga noturna”, disse.
Em contato com o Colégio Estadual Vera Cruz, a atual diretora, Tânia Mara Sotti, afirmou que há bastante procura por vagas noturnas para o ensino médio. No entanto, a instituição aguarda uma resposta do Núcleo Regional de Educação (NRE) de Maringá para avaliar a possibilidade de abrir novas turmas.
Para mais informações, entramos em contato com a chefe do Núcleo Regional de Educação de Maringá, Isabel Cristina Domingues Soares Lopes, que começou a entrevista dando ênfase na importância de o aluno estudar meio período e trabalhar no contraturno, contando como experiência a trajetória do atual secretário de Educação. “A gente tem um secretário de educação que estudou à noite e que mais tarde teve a possibilidade de ir morar com um irmão e estudar no diurno. Então, ele sentiu na pele essa diferença do aluno que estuda à noite e as oportunidades que ele tem e um outro que estuda no diurno. Então, para o secretário, o lugar de adolescente ainda é na escola. Ele pode ser jovem aprendiz? Pode. Mas ele tem que ter meio período para estudar”, disse.
Ela complementa a situação do ensino noturno, falando que a taxa de aprovação à noite é menor e o índice de desistência é maior. “Um menino faz a matrícula à noite porque precisa dessa declaração para começar a trabalhar e, a partir do momento que pegou a declaração, ele larga a escola.”
Isabel conta que, em anos anteriores, as turmas à noite começavam com 40 alunos e terminavam o ano letivo com cinco ou seis alunos. Por isso, atualmente, para o aluno ter acesso ao ensino noturno, ele tem que, primeiro, levar a declaração de trabalho e os documentos pessoais na escola e aguardar a formação do número mínimo de alunos previsto na legislação para abrir uma turma, que é, em média, 35 alunos. Completando o número mínimo, a documentação é passada para o NRE e é solicitado a abertura da turma para o Estado. “Aí, esse documento vem pra cá e a gente faz um pedido oficial pro Estado. É desse jeito que funciona”, acrescentou.
A chefe do NRE informou que não houve a abertura de uma turma noturna no Colégio Estadual Vera Cruz para o ano de 2025, pois, no Cadastro de Espera de Vagas (CEVE), o número de alunos cadastrados era inferior a 20. “No dia em que você entrou em contato comigo para a entrevista, eu analisei a situação, porque, toda vez que um pai procura a escola, ela registra a intenção do aluno de estudar lá através do CEVE, que é um sistema de controle de reservas de vagas, onde o nome do aluno fica registrado. E, vendo a situação, até agora, o máximo de alunos que eles conseguiram, mesmo sem possuir todos os documentos, mas que possuem a intenção de estudar à noite, seria de 15 alunos. Então, ainda não tem nomes suficientes para abrir uma turma”, acrescentou.
Isabel Cristina ainda falou que, recentemente, ouviu comentários sobre alunos que atuam como Jovem Aprendiz e não conseguem estudar durante o dia. “O Jovem Aprendiz acontece em um turno só. O aluno fica quatro horas no trabalho e estuda por quatro horas. O Colégio Vera Cruz ofertava o ensino médio de manhã e à noite, porém recentemente passou a ser integral. Mas o Gori possui ensino nos dois turnos. Então, se o aluno é Jovem Aprendiz e vai estudar de manhã, ou vai trabalhar de manhã, ele pode optar pelo horário de estudo.”
Isabel deu ênfase que não há proibição de se abrir o ensino noturno do Colégio Vera Cruz, mas que, para abrir, tem que haver o número certo de alunos e o comprometimento dos estudantes com a presença em sala de aula. “O Vera Cruz não está proibido de abrir o ensino noturno, mas precisa ter o número mínimo de 35 alunos. E é importante ressaltar que não é só fazer a matrícula, tem que frequentar as aulas e manter presença. Não adianta abrir o ensino noturno se não for para o aluno realmente ficar”, comentou.
Concluindo a entrevista, a chefe do Núcleo de Maringá falou que, neste momento, a ideia é focar no ensino integral do Colégio Estadual Vera Cruz.
Vale lembrar que, em anos anteriores, todas as escolas estaduais de Mandaguari ofereciam ensino noturno.
Pallotti – O Colégio Cívico-Militar São Vicente Pallotti, antes da implementação do programa cívico-militar, oferecia ensino noturno para alunos do Ensino Fundamental até 2015. Após esse período, manteve apenas turmas matutinas e vespertinas. Em 2021, com a implantação do projeto cívico-militar, passou a ofertar o ensino médio, mas apenas durante o dia.
CEVEC – O Colégio Estadual Vera Cruz manteve, até o ano passado, o ensino noturno para alunos do 3º ano do Ensino Médio e, até hoje, oferece cursos técnicos no período noturno. Como mencionado, a escola aguarda um posicionamento do NRE para a possibilidade de retomar as aulas noturnas para os alunos do terceirão em 2025.
Gori – O Colégio Estadual José Luiz Gori manteve o ensino noturno até 2023, encerrando, em julho, o Ensino Técnico em Química e, no final do ano, o Ensino para Jovens e Adultos (EJA). Atualmente, a escola segue com o ensino fundamental, médio e profissionalizante integrado, todos no período diurno.
É importante ressaltar que, para solicitar a abertura de uma turma de ensino médio noturno, o Colégio Vera Cruz provavelmente precisará encaminhar ao NRE uma lista dos alunos interessados, acompanhada do comprovante de trabalho de cada um, e aguardar a resposta.
A equipe de redação do Portal Agora entrou em contato com outras pessoas que demonstraram interesse pelo ensino noturno. A procura existe dentro da cidade de Mandaguari, e entende-se que, para algumas pessoas, é necessário trabalhar durante o dia e estudar à noite. Por isso, o ensino noturno não deve ser descartado.
Mas é válido pontuar o papel dos pais na orientação dos filhos sobre a importância da educação, especialmente quando se trata do ensino noturno. É essencial que as famílias incentivem a frequência escolar e reforcem o compromisso com os estudos, independentemente do horário das aulas.
A reportagem do Portal Agora mostrou que há demanda pelo ensino noturno em Mandaguari, e os interessados podem procurar o Colégio Estadual Vera Cruz para manifestar o desejo de estudar à noite. Quanto maior o número de solicitações, maiores são as chances de uma turma ser formada.