Pandemia acelera demissões na Globo
Junho será um mês doloroso para a Globo. A pandemia do novo coronavírus reduziu suas receitas publicitárias e a obrigou a acelerar mudanças previstas no projeto Uma Só Globo, que unifica cinco unidades de negócios, entre elas a Globosat e o Globoplay. Vai haver cortes de custos, o que inclui demissões, mas não um passaralho, segundo o CFO (chief financial officer/diretor financeiro), Manuel Belmar da Costa.
“O pós-Covid-19 traz a necessidade de aceleração das mudanças. A economia parou, o mundo parou, não só a Globo”, diz Belmar. “Optamos por não fazer nada [demissões] em abril e maio, no início da pandemia. Haverá corte de pessoas, haverá corte de estrutura, e a gente vai ter desligamentos em junho, sim”, continua. “Mas não tem passaralho, tem um processo contínuo de transformação”, completa.
Segundo o executivo, algumas áreas poderão ter cortes de 10% e outras, de até 20%, mas também haverá setores em que não se demitirá ninguém. Também ocorrerão contratações, principalmente de profissionais de tecnologia. “Não existe um número [de demissões], estamos vivendo um nível de incerteza sem precedentes”, afirma. “Existe uma diretriz: precisamos revisar todos os modelos que nos trouxeram até aqui para tornar a empresa mais leve, mais eficiente”.
Para ficar mais leve, a Globo unificada está revendo todos os custos fixos e tentando transformá-los em custos variáveis. Na área artística, por exemplo, contratos de longo prazo estão sendo substituídos por vínculos que duram somente o tempo em que o profissional efetivamente trabalha. Os elencos das novelas atualmente são compostos por 20% de atores com contratos longos e 80% por obra certa.
Direitos de transmissão de competições esportivas e de eventos como o Carnaval também estão sendo revistos para “gerar equilíbrio de ecossistemas”. “Estamos analisando tudo, a revisão é total”, diz Belmar Costa. “Precisamos reduzir custos”.