Uma vacina autenticamente paranaense
As tão aguardadas vacinas contra a Covid-19 estão chegando aos poucos à população. Isso não significa, porém, que a guerra contra a doença está vencida ou próxima do fim. Para alguns pesquisadores, o coronavírus deve continuar presente por alguns anos. Com esse cenário em vista, a Universidade Federal do Paraná (UFPR) anunciou que está desenvolvendo uma vacina própria contra a Covid.
“Somos uma das poucas universidades brasileiras, junto com alguns institutos de pesquisa, que estão buscando desenvolver uma vacina própria. A nossa, que está sendo desenvolvida dentro do setor de ciências biológicas, está em um estágio mais avançado. Esperamos que até o final do ano venhamos a concluir o que chamamos de fases pré-clínicas, e aí poderemos pedir a autorização da Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária] para começarmos as fases clínicas, com testes em seres humanos, para que no final de 2022 ou em 2023 possamos ter uma vacina autenticamente brasileira”, afirma o reitor da UFPR, Ricardo Marcelo Fonseca.
De acordo com Fonseca, a tecnologia utilizada na pesquisa é da própria UFPR, criada em solo brasileiro, o que torna a fabricação mais simples e tem possibilidade de resultar em uma vacina mais barata em comparação às atuais. Pelos cálculos dos responsáveis, o imunizante poderia ter baixo custo, de entre R$ 5 e R$ 10 cada dose. “Torna também a instalação de uma eventual planta industrial bastante simples. É uma esperança que nós temos que ter para o futuro”, ressalta.
“Como não sabemos ainda o tempo de imunização das vacinas atuais, provavelmente teremos campanhas permanentes de vacinação, e isso faz com que o Brasil precise ter mais autonomia e não dependa de relações estrangeiras para imunizar a população”, aponta o reitor.
Custos
A primeira fase da pesquisa foi apoiada com recursos do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI). A 2ª fase, de novos testes em animais, terá recursos de programas de fomento à pesquisa do governo do estado do Paraná.
O reitor da UFPR observa que os custos devem crescer fortemente com o avanço do projeto, especialmente na fase clínica e com uma eventual montagem de uma planta para a fabricação do imunizante.
“Segundos alguns reitores, este custo pode chegar a R$ 50 milhões na fase clínica. Nenhuma universidade teria condições de fazer isso sozinha. Aí será uma parceria que teremos que celebrar”, comenta Fonseca.
Vacinas brasileiras
Além da UFPR, foram anunciados até o momento dois desenvolvimentos de vacinas brasileiras, ainda que com parcerias com instituições de pesquisa de fora. Uma delas é a ButanVac, elaborada pelo Instituto Butantan, do governo de São Paulo.
Outra está sendo produzida por pesquisadores da Universidade de São Paulo, campus de Ribeirão Preto, com apoio de recursos federais. Ambas já entraram com pedido para a realização de estudos clínicos na Anvisa.