Quadro Negro: Governo do Paraná retoma as obras investigadas de três escolas que faltavam

As três obras de escolas estaduais investigadas na Operação Quadro Negro que faltavam foram retomadas pelo Governo do Paraná. A operação, que começou em 2015, descobriu um esquema de desvio de dinheiro na reforma e construção de escolas no estado.

As escolas William Madi, em Cornélio Procópio, no norte, Francisco Pires Machado, em Ponta Grossa, nos Campos Gerais, e o Centro Estadual de Educação Profissionalizante (CEEP) de Campo Largo, na Região de Curitiba, estão entre as 14 obras que tiveram desvios revelados na operação.

As escolas deveriam estar prontas há pelo menos cinco anos. O dinheiro, segundo as investigações, foi parar no bolso de políticos, agentes públicos e empresários, entre 2011 e 2015.

As obras foram abandonadas durante a gestão do ex-governador Beto Richa (PSDB). A operação levou para a cadeia, entre outras pessoas, o ex-diretor da Secretaria de Estado de Educação (Seed), Maurício Fanini, e o próprio Richa.

Das 14 obras abandonadas pelas construtoras Valor e Machado Valente, a atual gestão do Governo do Paraná concluiu nove. Em julho, outras duas devem ficar prontas.

Os trabalhos nas três escolas restantes começaram em abril e continuam durante a pandemia do novo coronavírus.

As escolas de Cornélio Procópio e Ponta Grossa devem ser entregues em fevereiro de 2021. Já o CEEP de Campo Largo tem previsão de ser concluído em setembro do ano que vem, informou o governo.

Juntos, os três colégios já deveriam atender pelo menos 3 mil estudantes dos ensinos regular e profissionalizante, mas as obras estavam paradas desde 2015.

Escolas que tiveram obras retomadas, segundo o governo:

Em andamento

Centro Estadual de Educação Profissional (CEEP) de Campo Largo (R$ 5,3 milhões)

Colégio Estadual William Madi, de Cornélio Procópio (R$ 3,8 milhões)

Colégio Estadual Francisco Pires Machado, de Ponta Grossa (R$ 1,8 milhão)

Em fase de conclusão

Colégio Estadual Tancredo Neves, de Coronel Vivida (R$ 3,8 milhões)

Colégio Estadual Ribeirão Grande, de Campina Grande do Sul (R$ 4,2 milhões)

Concluídas

Colégio Estadual Distrito de Joá, de Joaquim Távora (R$ 22 mil)

Colégio Estadual Amâncio Moro, de Curitiba (R$ 360 mil)

Escola Estadual Doracy Cezarino, de Curitiba (R$ 110 mil)

Colégio Estadual Arcângelo Nandi, de Santa Terezinha do Itaipu (R$ 3,5 milhões)

Centro Estadual de Educação Profissional (CEEP) Lysimaco Ferreira da Costa, de Rio Negro (R$ 4,3 milhões)

Colégio Estadual Pedro Carli, de Guarapuava (R$ 3,5 milhões)

Colégio Estadual Professora Leni Marlene Jacob, de Guarapuava (R$ 3,3 milhões)

Colégio Estadual Prof Linda Bacila, de Ponta Grossa (R$ 1,7 milhão)

Colégio Estadual Bandeirantes, de Campina Grande do Sul (R$ 4,2 milhões)

Outras obras

Além das escolas da Quadro Negro, as fraudes paralisaram outras 74 obras na área da educação, de acordo com o presidente do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Educacional (Fundepar), José Maria Ferreira.

Segundo ele, o governo deixou de receber recursos federais por causa das suspeitas de desvios durante o governo Richa.

“O estado, nesse período, estima-se que perdeu mais de R$ 300 milhões de acesso a verbas e recursos [federais]. Então, o prejuízo foi muito grande”, afirma.

O que dizem os citados

A defesa do ex-governador Beto Richa afirmou que ele não teve nenhum envolvimento nos fatos e que sempre esteve à disposição para prestar esclarecimentos.

Segundo a defesa, foi durante o governo Richa e por determinação dele que as investigações começaram e resultaram na punição dos responsáveis.

O ex-diretor da Seed Maurício Fanini afirmou que continua colaborando com a Justiça e que, no acordo de delação, já reparou integralmente todos os danos ocasionados por seus atos.

A defesa da construtora Valor preferiu não se manifestar.

A reportagem não conseguiu localizar a defesa da construtora Machado Valente.