Presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia diz que Paraná é motivo de orgulho na pandemia

A população paranaense deve se orgulhar da forma com que o coronavírus vem sendo combatido no Estado, tanto por medidas do poder público quanto da sociedade. Não à toa, em uma comparação com outros locais, o avanço da pandemia é muito menor no Paraná. Convidado do programa Em Pauta da Aerp (Associação das Emissoras de Radiodifusão do Paraná), que foi ao ar nesta quarta-feira (20), o presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), Clóvis Arns da Cunha, destacou os números positivos por aqui e afirmou que não é hora de relaxar. O programa esteve em cadeia com dezenas de emissoras do Estado.

“Você, paranaense, orgulhe-se do Estado que você vive. Eu fico orgulhoso de ver o distanciamento social sendo respeitado aqui em Curitiba, as pessoas usando máscara e ficando longe uma das outras. Eu preciso parabenizar os paranaenses”, disse Arns, salientando os números em comparação a outros Estados. “A nossa situação no Paraná é de controle e o sistema está funcionando muito bem e de forma organizada. Desde o início da pandemia foram 130 mortes, comparando com São Paulo, onde só ontem foram 320 mortes, a situação lá é muito pior do que aqui. Isso vale também na comparação com Ceará, Pernambuco e Pará, por exemplo”, disse.

O presidente da SBI destacou justamente que, por isso, o Paraná começa a ter um isolamento menos restritivo. “Já se busca o equilíbrio entre Saúde e Economia, porque vai se ter também o desastre econômico no mundo todo. Estamos saindo de um isolamento social ampliado, para uma situação de você abrir progressivamente. O trabalho dos paranaenses foi muito bom. É importante se ampliar isolamento social restritivo, com idosos e pessoas com comorbidades em casa. Além disso, qualquer pessoa com sintomas de resfriado deve ficar em casa em isolamento, porque ela é o principal transmissor”, destacou.

Cloroquina e Hidroxicloroquina

A entrevista foi ao ar pouco depois do Ministério da Saúde liberar o uso da cloroquina e hidroxicloroquina para o tratamento da Covid-19. A SBI já se posicionou contraria a resolução, principalmente pela falta de estudos que comprovem a eficácia e dos possíveis efeitos colaterais. “Nossa preocupação é que se mostrou efeitos colaterais. Para lúpus e malária não há problema, mas para quem está com Covid, pelos vários graus de inflamação, leva a arritmia cardíaca, levando os pacientes, especialmente os idosos, há óbitos. Estamos alertando para essa preocupação há população, de que não há eficácia comprovada e que o remédio pode levar a problemas cardíacos sérios”, disse o presidente.

Para Arns, a maior dificuldade em se prescrever o medicamento para os casos leves é de acompanhar se o coração está funcionando bem. “Como minimizar o efeito colateral então? Por eletrocardiograma, em pacientes internados, você consegue perceber isso, com exames diários, então quando você distribui para pacientes que não serão acompanhados, há risco de acontecer esta situação. Não é um efeito comum, mas não chega a ser raro, podendo trazer até uma questão de arritmia, que é fatal”, ponderou Arns.

O infectologista ainda destacou que a maioria dos pacientes, 80%, não vai precisar do internamento. “A maioria dos pacientes ter a forma leve ou moderada da doença. De cada cinco, quatro pessoas vão se curar em casa e sem tratamento nenhum, só com analgésicos. Quem tem falta de ar, vai para o hospital e são feitos exames. Primeiro a oximetria digital, onde o normal deve ser acima de 95%, se der abaixo é feito um exame de sangue e a tomografia do pulmão. Os 20% que precisam ser internados recebem tratamento e a maioria sobrevive com os cuidados intensivos no hospital”, disse.

Justamente para não se aumentar a demanda em hospitais, o recomendado segue sendo o isolamento para idosos e pacientes do grupo de risco (obesos, hipertensos, diabéticos e outras comorbidades). “A melhor forma de combater a doença, ainda sem um tratamento comprovado, é o isolamento destas pessoas e as medidas necessárias de higiene. Isso não pode mudar e, mesmo o paranaense, onde a situação está controlada, não deve relaxar”, concluiu o presidente da SBI.