Transição econômica de 2018 para 2019 e as expectativas para 2020

A experiência neste ano de 2019 foi interessante, deste seu início recebi muitos questionamentos semelhantes de diversas áreas da sociedade e com certeza de meus alunos e alunas, no sentido de identificar se a economia melhorou ou piorou. Antes de responder a tais questões vamos a uma análise de alguns fenômenos ocorridos, inicialmente destacando que, em especial a virada de 2018 para 2019 veio representando grande expectativa da comunidade na recuperação econômica rápida, esta justificada em função da mudança de governo e do acúmulo de ansiedade gerada pela recente recessão que se incorporou no país a partir do ano de 2015. Ao iniciar o ano de 2019 foi visível então o clima de expectativa positiva representada pelo otimismo do mercado, ciente de que profundas alterações na política econômica seriam implantadas juntamente com reformas urgentes e necessárias, objetivando sanar ou reduzir drasticamente o crescente déficit público, a grande “ferida” do país. Na sequencia observou-se que a agilidade esperada não se consolidava, afinal os entraves de um país “viciado” se tornavam grandes barreiras, mas mesmo assim, a “passos de tartaruga” o governo consegue a almejada reforma da previdência que em meio a manifestações contrárias ou favoráveis tramitou e foi legalmente aprovada pelo Congresso, uma espécie de “mal necessário” ou uma das “únicas alternativas” buscando o equilíbrio das contas públicas. Naturalmente com a lentidão que se instalou para a recuperação econômica, muitas angústias afloraram e geraram novas críticas ao novo governo, principalmente porque a expectativa da população e do mercado era por soluções rápidas, missão muito difícil de se concretizar. Acontece que, mesmo que lentamente as áreas econômicas do governo conseguiram equilibrar aspectos macroeconômicos como, o controle da inflação em baixos níveis, a histórica redução da taxa básica de juros, a Selic os novos acordos internacionais necessários para a política de desenvolvimento, são alguns fatores que fortaleceram neste fim de ano a credibilidade nas políticas econômicas até então implantadas. Obviamente percebe-se que aos poucos estamos retomando as rédeas em meio a este cenário com tendência turbulenta mas ainda faltam muitos desafios a serem superados, a reforma fiscal, o crescimento econômico, a geração de empregos e renda aumentando a capacidade de consumo diretamente ligada a política de crédito com seus altíssimos juros praticados pelas instituições financeiras, estas alegando a necessidade de mantê-los altos em função do spread bancário, porém na contra mão da queda da taxa Selic, ou seja, juros básicos reduzindo, hoje a 4,5% ao ano enquanto as taxas reais praticadas chegam a aproximadamente 300,0% ao ano, um absurdo que só serve para maximizar os já impressionantes lucros dos grandes bancos, concentradores de concessão de crédito. Como economista acredito que a atitude de baixar radicalmente os juros para empresas e consumidores deve vir dos bancos públicos, demonstrando que é possível obter grande lucratividade reduzindo o spread e promovendo enfrentamento aos concorrentes para enfim incentivar o crescimento e desenvolvimento econômico sem essa alta concentração de renda nas mãos de poucos que ainda impera. Bom, com este breve resumo do comportamento econômico no Brasil em 2019, torna-se possível responder ao questionamento descrito inicialmente se “a economia melhorou ou piorou?”, salienta-se que é impossível “melhorar ou piorar” tudo ao mesmo tempo, a economia sempre busca o equilíbrio, a melhor opção para ambas as partes, pois não é justo alguém sempre ganhar ou alguém sempre perder, este equilíbrio é fundamental e os resultados devem ser analisados separadamente, cada aspecto econômico tem suas demandas, suas tendências e assim algumas questões melhoraram enquanto outras não, porém percebe-se que o caminho do retorno a estabilidade foi bem traçado pela equipe econômica, que entre acertos e erros, tem obtido mais resultados positivos, promovendo assim a renovação das expectativas de superação em 2020, anseio de todos nós brasileiros. Ah, quanto a esquerda ou direita, faremos o seguinte, esquece isso e vamos em frente, chega de andar como “caranguejo”.