“O ambiente político somente voltará à estabilidade quando alinharmos a necessidade de preservar a vida e a necessidade de garantir a vida”

“‘Na casa onde falta o pão, todos gritam e ninguém tem razão.” (Provérbio Português)

É exatamente isso que tenho sentido ultimamente, quer seja no ambiente político, econômico e mesmo da saúde, não só na nossa casa, cidade, estado ou país. O problema é mundial e, permitam descrever minha opinião, entre tantas disponíveis por aí.

Claro que a saúde é a base de tudo e não há nada mais sagrado do que a vida, por isso mesmo, como temos uma real ameaça às nossas vidas, é que ficamos inseguros, ansiosos e, muitas vezes, com os nervos à flor da pele, tudo isso agravado pelo desconhecimento de onde vem a ameaça, uma vez que o vírus é invisível e todos nós podemos ser agentes involuntários do contágio. A grande verdade é que já cansamos do isolamento social e, gradativamente, estamos tentando voltar àquela que julgamos ser nossa vida normal, porém, e sempre há um porém, pedindo a Deus que nos proteja e às nossas famílias de uma contaminação, senão, poderemos nos arrepender muito, e entender que o isolamento era o menor dos problemas… Na verdade, ainda não temos meios seguros (vacina ou medicamentos) de combater o vírus, portanto, devemos sim, seguir as orientações dos profissionais da saúde. Nós, produtores rurais, seremos chamados sempre para contribuir e propiciar aos moradores dos centros urbanos que, nesta pandemia, são os mais vulneráveis, o alimento necessário à sobrevivência. Somente conseguiremos suprir a sociedade se nos mantivermos saudáveis, por isso, prudência e atendimento às orientações são imprescindíveis, mesmo quando moramos e trabalhamos em áreas remotas.

No que tange às questões econômicas, não estamos todos no mesmo barco, estamos sim, todos na mesma tempestade que afeta de forma muito diferente, as diversas classes sociais, assim como as categorias produtivas, em que existem atividades que estão sendo pouco afetadas, outras, drasticamente afetadas e algumas poucas que estão surfando a crise e ganhando muito dinheiro, por exemplo: produção de produtos médicos na China, transmissão de programação pela internet; videoconferências, etc.

A grande verdade é que das decisões de socorro tão necessárias e urgentes àqueles menos favorecidos, além dos enormes dispêndios para adequar a um mínimo possível as estruturas de atendimento à saúde, aliadas às medidas de apoio aos segmentos econômicos mais atingidos deixarão um rombo monstruoso nas contas públicas, bem como muitas empresas irão desaparecer, e muitas pessoas terão enormes dificuldades de conseguir um novo trabalho. Estamos aprendendo da forma mais dura possível sobre os erros que cometemos, todos nós, no passado, afinal, não podemos culpar uma pessoa ou um pequeno grupo, porque não fizemos investimentos maiores em saúde ou infraestrutura. Naqueles momentos passados, não eram estas as prioridades e todos nós aceitamos isso como natural e menos relevante ou de menor risco e agora, questionamos nossos governantes, porém, devemos lembrar que, condicionados às proporções, todos nós também somos responsáveis.

Finalmente, chegamos ao ambiente político que está vivendo momentos de instabilidade e intensa turbulência em diversos países e claro que não precisamos de genialidade para entendermos que isso decorre dos dois fatores anteriores: saúdenecessidade de preservar a vida; econômiconecessidade de garantir a vida.

Nenhum dos fatores, quer seja preservar a vida com saúde ou garantir a subsistência da vida com emprego, renda, empresas operando, etc. (econômicos), sobrevive por si só. São todos ‘umbilicalmente’ interligados e o que precisamos todos, é de bom senso, prudência, muita energia e fé para vencermos estes e outros obstáculos que surgem a cada dia.

Enfim, entendo que o ambiente político somente voltará a ser estável quando conseguirmos alinhar as questões da saúde (vida) e econômica (vida), conforme o provérbio português citado no início deste texto e, quanto antes isso ocorrer, menores serão os danos para todos nós.

Obrigado!

Vilmar Sebold é presidente da Cocari