Mandaguari já tem dez casos de dengue confirmados em apenas quatro meses

O assunto é recorrente: novamente Mandaguari está em estado de alerta em relação à dengue. O coordenador da Vigilância Sanitária do município, Adriano Rodrigues Borges, concedeu uma nova entrevista ao Jornal Agora e o tema não é novo.

“Eu sempre digo que daqui 15 anos irei me aposentar aqui e quem entrar no meu lugar, continuará dando entrevistas e alertando a população sobre a questão da dengue, da zika e da chikungunya. Não tem jeito, temos inúmeras campanhas relacionadas a isso, mas nada dá jeito”, afirma.

A afirmação de Adriano não é exagero. Os números divulgados pelo órgão apontam que de 1º de janeiro até 1º de abril, Mandaguari já acumulava um total de 36 casos suspeitos de dengue. Desses, dez já foram confirmados até o momento. “É um número altíssimo se compararmos com os números anteriores. Em 2018 nós tivemos apenas um caso confirmado o ano todo. Esse ano está só começando e esse número já é dez vezes maior”, conta. Ainda de acordo com Borges, o aumento de chuvas que tivemos neste verão não deve ser visto como motivo. “O problema não é a chuva nem o calor. Eu sempre digo que pode chover o ano inteiro, se não tiver onde acumular água, não vai dar dengue. ”

Na oportunidade, Borges também comentou sobre o Levantamento de Índice Rápido para o Aedes aegypti (LIRAa). O índice geral de infestação do mosquito na cidade é de 5,015%, bem acima do mínimo preconizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que é de 1%.

Todos os bairros estão com índices elevados, mas a situação é alarmante principalmente na região do Jardim Progresso, com 8,73% de infestação do Aedes. O que indica que a cada 100 casas visitadas, em nove foram encontrados focos do mosquito. “Não se trata de uma questão de conscientização, eu inclusive não gosto dessa palavra. Consciência todo mundo tem. Todos já estão cansados de saber que o mosquito é perigoso, que a doença pode matar e como fazer para evita-lo. A questão que eu percebo é que se trata de uma falta de sensibilidade. Algumas pessoas acham que nunca vai acontecer com elas, como se elas e os familiares fossem imunes ao mosquito”, diz.

Acerca das medidas usadas por alguns municípios, inclusive Mandaguari, para combater a dengue, Borges esclarece que elas são apenas paliativas. “Não existe milagre. As pessoas nos falam sobre o fumacê, mas esse mecanismo mata os insetos que estão no ambiente. Ou seja, o mosquito da dengue que está voando morre. Mas também morre a abelha, a borboleta, a mosca, tudo. E larvas que estão na água não são atingidas pelo fumacê. O que faz a diferença é a população limpar os focos de dengue dos seus quintais. E não só quando fazemos campanha, mas o ano todo. Isso sim salva vidas”, finalizou.

*Reportagem publicada na 296ª edição do Jornal Agora