Explicando o Setembro Amarelo

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a cada 45 minutos ocorre um suicídio com jovens entre 15 e 29 anos no Brasil. De acordo com o psicóloga Marcela Meleiro, coordenadora da Saúde Mental de Mandaguari, os fatores de risco incluem, principalmente, problemas psicológicos, uso de álcool e drogas.

Para combater esses números, anualmente é promovida a campanha Setembro Amarelo. Mas quais são as formas de prevenção ao suicídio? Como identificar pacientes de risco?

Segundo Marcela, “não há uma ‘receita’ para detectar seguramente quando uma pessoa está vivenciando uma crise suicida, ou se apresenta uma tendência ao suicídio. Entretanto, um indivíduo em sofrimento pode dar certos sinais, que devem chamar a atenção de seus familiares e amigos, sobretudo se estes sinais se manifestam ao mesmo tempo”.

“Pensamentos e sentimentos de querer acabar com a própria vida são sentimentos difíceis de suportar, sendo a melhor saída buscar ajuda. É muito importante conversar com alguém que você confie, não hesite pedir ajuda principalmente de profissionais capacitados para o devido acompanhamento e orientações”, complementa a psicóloga.

“Neste aspecto, importante ressaltar o papel em que a família e os amigos devem ter ao identificarem a situação de risco suicida, e que após identificação não façam um pré-julgamento, procurem orientações para que assim possam ajudar a pessoa que está em risco/vulnerabilidade”, detalha.

Ainda de acordo com a coordenadora, devemos ter atenção para as frases de alerta mais comuns, como “eu não aguento mais”, “eu preferia estar morto” e “vou deixar vocês em paz”      .

Em relação a identificar pacientes de risco, Marcela aponta que há alguns comportamentos que são repetidos ao longo da vida e que podem levar ao ato extremo. “Comportamento retraído, inabilidade para se relacionar com a família e amigos, bem como doença psiquiátrica, alcoolismo, ansiedade ou pânico são alguns dos principais”, aponta.

Mudança na personalidade, mudança no hábito alimentar e de sono, uma perda recente importante (morte de ente querido ou divórcio), histórico familiar de suicídio e até desejo repentino de concluir os afazeres pessoas, organizar documentos e escrever um testamento são outros sinais de alerta.

Suporte

Ao Jornal Agora, a psicóloga falou também sobre o suporte que Mandaguari oferece aos pacientes que já tentaram cometer ato extremo. Ela explica que o município oferece acompanhamento com médicos especialistas.

“Pacientes de até 16 anos são encaminhados para o projeto Caps [Centro de Atenção Psicossocial para Crianças e Adolescentes] i, e os acima de 17 anos são encaminhados ao Caps, para que recebam o devido acompanhamento”.

O município também trabalha a questão preventiva. “Oferecemos espaços de escutas, como atendimento psicológico individual, coletivo, atendimentos com medico especialistas etc. Além disso, temos as associações para crianças e adolescentes, bem como serviços de convivência e fortalecimento de vínculos, entre outros”.

*Reportagem publicada na 318ª edição do Jornal Agora    .