Comunista

Um poço de toxicidade. Esse foi o termo usado pela Disney para justificar o motivo de não comprar a rede social Twitter. A empresa, que carrega em seus princípios a missão de alegrar as pessoas, definitivamente não gostaria de ter sua marca atrelada à rede, que de uns anos pra cá tem sido um dos locais onde o ser humano extravasa tudo que carrega de ruim dentro de si.

Misógino, racista, homofóbico e mimado são adjetivos que definem muito bem o usuário médio de qualquer rede social, pois são as características do humano moderno. Por fora somos todos poços de plenitude, mas é só alguém refutar um argumento nosso que a gente roda a baiana.

Não que eu esteja julgando o mimado moderno. Eu sei que o humano atual gosta mesmo é de ver o sangue escorrer, o circo pegar fogo e as coisas serem resolvidas na bala. Mas a maioria dessas pessoas prega o ódio diariamente e se denomina cristã, e ainda vai na igreja receber a comunhão ou participar da santa ceia.

Mais do que crentes na religião, somos crentes de que a solução pra humanidade é todo mundo concordar, mas ninguém quer ceder em seus pontos de vista, e assim a conta não fecha. Esperamos que o mundo melhore, mas continuamos sendo verdadeiros poços de ruindade, iguaizinhos ao Twitter.

É muito mais fácil culpar o Conselho Tutelar pela minha negligência como pai do que assumir a responsabilidade e educar meu filho. É mais fácil falar que todo depressivo é frescurento e depois lamentar no Facebook, fazendo um belo textão quando ocorre um ato extremo, do que estender a mão ao irmão.

Quando caminhou por este mundo, Cristo pregava o respeito e amor ao próximo. Foi por este motivo que ele incomodou muita gente, porque a nossa natureza é murmurar, julgar e odiar. Nós deveríamos ser o sal da terra, aqueles que “dão tempero” ao mundo, compartilhando fundamentos de um verdadeiro cristão. Mas quem disse que nós queremos ser o sal da terra? Dá muito trabalho fazer isso!

Afinal, a gente não quer um mundo melhor, só quer mesmo ter em quem colocar a culpa. É por isso que não tenho dúvidas e chego a uma conclusão que milhares de outros redatores chegaram antes de mim. Se Jesus voltasse hoje, é bem provável que a gente chamaria ele de comunista e o crucificaria de novo.