Comemoração em silêncio

Até pouco tempo atrás, realizar uma comemoração silenciosa era algo inexistente no imaginário coletivo. Como é possível celebrar um aniversário, uma conquista uma vitória, sem reunir os amigos e colocar a conversa em dia? Estamos todos aprendendo a lidar com isso desde março, quando o Brasil começou a tomar medidas de prevenção ao contágio do novo coronavírus.

Os tradicionais abraços e apertos de mão em locais públicos deram lugar aos acenos, acompanhados de máscaras de contenção. Em meio a esse cenário, Mandaguari celebra, neste dia 6 de maio, 83 anos. Será, sem dúvidas, um aniversário diferente para o mandaguariense, com a já mencionada comemoração em silêncio. O desfile cívico e as apresentações de artistas dão lugar à expectativa.

BATISTÃO – Ao Jornal Agora, o prefeito Romualdo Batista comenta que “se o momento não nos permite uma celebração, nos proporciona uma reflexão”. Para Batistão, o momento é de analisar as conquistas como números da Covid-19 sob controle no município, e a retomada de algumas atividades como obras públicas, por exemplo.

Durante a semana, aliás, o município anunciou a retomada do recape asfáltico, que começou pela Rua Joaquim Capel Garcia, no Jardim Imperial, e logo deve ser estendida a outros bairros. O Executivo ainda prepara decreto para retomada de academias e igrejas, seguindo medidas de precaução.

ECONOMISTA – O professor e economista Ivan Moraes, ouvido pela reportagem, comentou que, apesar do cenário de incerteza, há perspectiva de retomada, e lembra que, até o início da pandemia, o Brasil vinha de um cenário otimista.

“O governo federal atual assumiu com a proposta de reduzir o déficit público, a diferença entre quanto o governo ganha e quanto gasta. Em 2018 esse valor estava em R$ 120 bilhões. No ano passado houve todo um trabalho nesse sentido, com contingenciamento de verba na educação, segurança, pesquisa, e o déficit caiu para menos de R$ 100 bilhões”, explica.

“Para 2021 a previsão era reduzir ainda mais e termos um crescimento no PIB [Produto Interno Bruto], que nada mais é do que a soma de toda a riqueza gerada pelo país. Um crescimento de 2% no PIB, por exemplo, significa geração de emprego e renda. Só que isso até fevereiro. Agora a projeção é de PIB negativo, em 4%, 5%”, acrescenta o economista.

“Agora a expectativa da comunidade em geral é amenizar a questão da saúde, diminuir o impacto do coronavírus e voltar ao normal para a vida continuar igual. Mas, infelizmente, imagino algo bastante adverso em termos econômicos. Nada será como antes daqui pra frente, seja na economia, na vida das pessoas e no ambiente político também. É necessário repensar o futuro e ver quais são as alternativas”, comenta Moraes.

Para o economista, é crucial que o país reveja políticas econômicas. “O Brasil tem uma característica de concentração de renda muito grande, onde muitos têm pouco e poucos tem muito. Isso sempre foi padrão, mas é importante que esse dinheiro se manifeste para as classes menos privilegiadas e venha circular mais na economia. O dinheiro ainda não faltou, temos o Auxílio Emergencial e benefícios ampliados pelo governo, estão derramando um rio de dinheiro na economia agora, mas vai acabar. Teremos o segundo semestre, aí vem 2021 e como será? “.

PERSPECTIVA – O economista conclui que, apesar do cenário pessimista se aproximando, há sim perspectiva. Para ele, a pandemia vai contribuir para a queda de preços em diversos setores, possibilitando um custo de vida mais acessível a todos.