Arriscando a vida para ajudar o próximo
O jovem mandaguariense José Henrique Chaves Nunes, que acabou vindo a óbito em Mandaguari durante a noite desta sexta-feira (28), já teria arriscado a própria vida em 2015 para salvar uma mulher de afogamento. A matéria foi escrita pelo jornalista André De Canini em especial para o Jornal Agora. Acompanhe abaixo:
Jovem que morreu em Mandaguari, arriscou a própria vida em 2015 para salvar uma mulher de afogamento.
Se não fosse a atitude corajosa tomada por um rapaz de apenas 18 anos, uma família mandaguariense teria um Natal bastante triste. A história aconteceu em um fim de tarde do ano de 2015, dia da folga semanal do galvanizador José Henrique Chaves Nunes.
Depois de levar a namorada para a faculdade, o jovem foi até o Parque da Pedreira para correr. Após dar algumas voltas na pista em torno dos lagos, ele parou para descansar. Neste momento José ouviu o barulho de algo caindo na água. Em princípio imaginou ser uma das capivaras que vivem no local pulando na represa, mas em seguida ouviu uma mulher gritando. Foi então que ele notou uma pessoa caída na água.
Mesmo sem saber nadar, José tirou o calçado, colocou os pertences que estavam no bolso na beira da represa e se atirou na água. Seria uma atitude natural, não fosse por um detalhe: o rapaz não sabe nadar direito e desconhecia a profundidade do lago. “Já tinham me falado que ali é um lugar perigoso e fiquei em dúvida se deveria mesmo fazer aquilo. Tive mais medo porque naquela hora só havia uma mulher ali perto e se acontecesse alguma coisa comigo ela não teria condições de ajudar. Mesmo assim resolvi arriscar porque a vida de uma pessoa estava em jogo”, conta.
Logo que entrou na represa o rapaz tomou um susto, além da espessa camada de lama no fundo, a poucos metros da margem há um degrau que torna o lago mais fundo. Ainda assim ele conseguiu chegar até a mulher que se afogava e usando sua habilidade limitada de natação conseguiu empurra-la para a beirada.
Já em terra firme, José colocou em prática os conhecimentos que haviam sido repassados por sua mãe para fazer massagem cardíaca e respiração boca a boca na vítima. “Minha mãe aprendeu isso em um curso que fez na firma onde trabalha e ensinou isso pra gente lá em casa”.
Nesse intervalo de tempo o corpo de bombeiros há havia sido acionado e mais pessoas se aproximaram para acompanhar a situação. Quando o socorro chegou, a vítima, uma mulher de 59 anos, há tinha sido reanimada. Ela foi levada ao Pronto Atendimento Municipal e em seguida transferida para o hospital. Mais tarde foi divulgada a informação de que a mulher tinha sofrido um ataque epilético e acabou caindo no lago.
No dia seguinte ao fato a vítima recebeu uma breve visita rapaz que a salvou. “Foi uma passada rápida só para ver como ela estava. Nem sei o nome dela e se a encontrar na rua não a reconheço”, revela.
Ainda que tenha consciência de que sua atitude corajosa e os procedimentos que realizou tenham sido decisivos para que senhora não morresse afogada, José não se considera um herói. “Fico feliz por ter salvado a vida de uma pessoa, mas não sou herói. Acho que qualquer um nessa situação teria feito o mesmo e se eu estivesse me afogando também gostaria de ser ajudado”, afirma.
Prejuízo
Mesmo com a felicidade de ter salvado uma vida, o episódio trouxe uma decepção para o jovem José. Enquanto ele se arriscava para salvar alguém que nem conhecia, alguém se aproveitou da situação para roubar sua carteira que havia ficado na margem do lago junto com outros pertences pessoais. “Isso me deixou muito chateado. Mesmo fazendo o que fiz ainda fiquei no prejuízo. Agora estou tendo que correr atrás para refazer todos os documentos que foram roubados”, lamenta.