Algumas reflexões contidas no Livro “O Príncipe” contextualizadas do ano em que foi escrito, em 1513, para os dias atuais

Quando analisamos a evolução tecnológica e a velocidade com que as coisas estão acontecendo, evidenciamos que, realmente, novidades, em especial nos meios de comunicação e transmissão de informações e dados, estão crescendo e se desenvolvendo de forma exponencial, e isto impactará todos nós.

Também é verdadeiro que, independentemente dos meios tecnológicos, de informação, monitoramento ou controle que existem e que ainda serão desenvolvidos, são as pessoas que geram resultados e, quanto maior for a sinergia entre os envolvidos nas equipes e o reconhecimento da capacidade dos líderes, maiores serão as chances de sucesso.

Quando cada indivíduo conhece suas responsabilidades e o que o grupo e o seu líder esperam dele, dificilmente ocorrerão falhas, e isto será ainda mais seguro quando existirem avaliações preventivas e proativas da evolução daquilo que foi pactuado realizar. O monitoramento periódico e ajustes pontuais no desenvolvimento dos projetos são fatores que definem seus êxitos.

Enfim, acredito que aquilo que pode ser automatizado, será. Porém, a gestão de pessoas, motivação, planejamento, responsabilidade, sentimento do pertencimento e da conquista continuarão inerentes aos seres humanos, por isso, a proposta que apresento é refletirmos sobre uma visão resumida de alguns destaques daquilo que está contido no livro “O Príncipe”, escrito em 1513, que retratou e acentuou na época o papel dos líderes.

Vejamos, então, algumas citações que contextualizei em forma de livre pensamento e demonstram que a maneira de relacionamento, o respeito, a ética e a seriedade no trato com as pessoas, foi e continua atual, sendo fundamental e determinante para o sucesso dos negócios.

Citações contextualizadas com interpretação livre e pessoal:

1. Para conhecer bem a natureza dos colaboradores, é necessário ser gestor e, para conhecer a natureza do gestor, é necessário ser colaborador; 

2. A menos que o gestor tenha defeitos extraordinários que o tornem odiado, é perfeitamente natural que os colaboradores lhe queiram bem;

3. As alterações na ordem das coisas preparam sempre o caminho para outras mudanças, entretanto, nos longos períodos de gestão de um líder, os motivos e lembranças das inovações podem ser esquecidos (acomodação e rejeição às mudanças e ainda viver de memórias de sucesso do passado, podem gerar acomodação e comprometer o desenvolvimento e futuro do negócio);

4. As dificuldades aparecem mais nas novas gestões. Novas áreas de ação e riscos culturais podem gerar rejeição às mudanças e inovações necessárias;

5. Os colaboradores aceitam as mudanças dos gestores com grande facilidade, esperando sempre uma melhoria. Esta esperança por melhorias pode fazer com que atuem para substituição dos atuais líderes. O maior risco quando colaboradores pressionam para mudar gestores é que a mudança pode ser para pior;

6. Aos novos gestores compete primeiro avaliar aqueles colaboradores que são profundamente ligados aos gestores anteriores e, depois, manter a ordem sem aumentar-lhes o ônus, até que tenham pleno domínio. Respeitar a cultura e costumes diferentes é fundamental para seu sucesso. Um dos requisitos para aumentar a chance de sucesso é o novo gestor mudar-se para o local onde passa a atuar. Estando o gestor presente, aumentam as chances de percepção das rejeições e este pode agir com maior celeridade e eficácia para reverter ameaças. Esta presença inibe movimento daqueles  que rejeitam a mudança, facilita o relacionamento e o sentimento de pertencimento. Diz-se que a presença física é um fator de fortalecimento do relacionamento e da liderança. A participação do líder na comunidade e no grupo fortalece sua posição;

7. É necessário tratar bem os liderados ou então rescindir seus vínculos. Quando rejeitam as mudanças, se mantidos, eles se vingarão de pequenas injúrias e atuarão para desestabilizar/ desacreditar o novo gestor. Não devem os líderes ofender ou ser injustos. Quem comete ofensas e injustiças esquece. Quem as sofre, não. Deve o líder proteger os mais fragilizados e será reconhecido por isto. Cuidado com poderosos, que, ao menor dissabor, podem tentar desestabilizar o novo gestor.  A capacidade de antever e a prudência dos gestores tornam o agir mais efetivo e facilitam suas decisões. Porém, a falta de previsão ou de ação faz com que os problemas se avolumem e podem chegar ao limite do descontrole quando nada mais pode ser feito;

8. “O tempo traz consigo todas as coisas indiferentemente: O bem e o mal”;

9. “Na verdade, os homens seguem quase sempre caminhos já percorridos por outrem, agindo por imitação”;

10. Sobre os grandes líderes, quando examinamos sua vida e realizações, veremos que não foi sorte. O que fizeram foi aproveitar oportunidades. As oportunidades não aproveitadas são vãs.  Aqueles que se tornam líderes pelos seus valores, conquistam suas metas com dificuldades, porém, as mantêm mais facilmente. Nada é mais difícil de executar ou perigoso de manejar e ainda tem êxito mais duvidoso, do que fazer coisas que ainda não foram feitas (inovações).

11. Quem toma a iniciativa de mudar como as coisas são feitas tem, como força contrária, todos os que são beneficiados pelo modelo atual e é timidamente defendido por aqueles que seriam beneficiados com o novo modelo a ser implementado. Portanto, aqueles que se sentem ameaçados com as mudanças vão atacá-las com toda energia e aqueles que podem vir a ser beneficiados,  se omitem ou defendem muito pouco as mudanças propostas. Por isso, é importante, verificar se quem pretende implementar as mudanças (inovações) tem a autoridade/autonomia para tal mister. Se não tiver autoridade e autonomia não chegará a parte alguma, porém, quando possui autoridade e meios de fazê-lo, raramente falha.

12.  Aqueles que chegam ao poder apoiados por pessoas que não necessitam daquilo que lhes é oferecido ou, ainda, por aqueles que querem levar vantagens indevidas, terão dificuldades em se manter, porém, aqueles que serão reconhecidos pela maioria das classes que necessitam do que é oferecido e que representam a massa terão facilidade de implantar as medidas. Para o líder se manter, deve ser estimado e respeitado sem oprimir as pessoas. (Confiança e respeito, sim. Medo, não).

13. Todos sabem que é louvável a um gestor manter sua palavra e viver com integridade. Não deve usar seu cargo para buscar outras vantagens indevidas.

14. Aos novos gestores, é fundamental entenderem os motivos pelos quais e para os quais foram contratados ou promovidos.

15. Aqueles gestores que esperam obter todas as respostas e não aceitam correr riscos, dificilmente decidirão, até porque só conseguem ter êxito na medida em que se ajustam às circunstâncias e, quando se opõem a estas mesmas circunstâncias, o resultado é infeliz.

A sorte acompanha aqueles que ousam e fazem acontecer.

Vamos pensar sobre isso?