Inter se impõe em 1º tempo de luxo e mostra ambição para construir goleada

Segunda-feira, entrevista coletiva de véspera de partida. Edenílson vai aos microfones e diz que o Inter precisa vencer o Deportivo Táchira a “todo o custo” na terça, no Beira-Rio. Uma evidente alusão à obrigação de se recuperar após a derrota para o Always Ready na estreia na Libertadores.

E o Inter, de fato, venceu. Ou melhor, atropelou a equipe venezuelana pela 2ª rodada do Grupo B. Mas não a qualquer custo. E sim com os melhores 90 minutos de futebol sob o comando de Miguel Ángel Ramírez na goleada por 4 a 0 que o alça à liderança da chave.

Este repórter aqui recorre a outra declaração prévia ao jogo, mas do próprio treinador após os 5 a 0 sobre o Esportivo, no último sábado:

– Com o 2 a 0, 3 a 0, seguimos agressivos, pressionamos. Esse é o Inter que queremos. Mesmo com a vantagem, não guardamos nada. Isso é o que queremos na terça.

Era o que o treinador queria. Foi o que o Inter fez.

A equipe sobrou no primeiro tempo, foi para o intervalo com 3 a 0 de vantagem e transformou a vitória em goleada na segunda etapa, mesmo com a expulsão de Palacios. E seguiu criando. Poderia ter sido até mais.

Nesta terça-feira, Patrick voltou ao time titular como extrema pela esquerda, lado em que rende mais – e rendeu. Rodinei também iniciou e se provou uma decisão acertada de Ramírez.

O Inter se impôs com agressividade desde o início. Salvo um ou outro susto, a equipe teve sempre o jogo sob seu controle, com mais de 67% de posse de bola no primeiro tempo. E encurralou o Táchira em seu campo de defesa, sempre construindo o jogo pelo chão e desde os defensores.

O posicionamento em campo e as mecânicas foram os mesmos de outros jogos: Dourado recuava para fazer a saída de três, os laterais se posicionavam próximos à primeira linha, os meias encostavam em Thiago Galhardo, quase na risca da grande área, e os extremas ficavam grudados na linha lateral.

Mas se nas partidas anteriores o time teve dificuldades de progredir em campo em vantagem numérica, contra o Táchira, o jogo fluiu, especialmente pela esquerda.

O Inter conseguia envolver a defesa rival com a troca de passes e entrar na área. Mauricio ameaçou duas vezes nos primeiros minutos. O gol parecia questão de tempo. E foi: aos 19, Rodinei cobrou escanteio na cabeça de Víctor Cuesta para o gringo abrir o placar e também a defesa rival.

O gol fez um Táchira que até então só se defendia e fechava espaços se dispersar. E o Inter aproveitou fugindo da característica de construções com aproximações, em lançamentos.

Aos 23, Edenílson lançou Thiago Galhardo. O centroavante ganhou da defesa rival na força e na habilidade e rolou para trás. Mauricio chutou sobre a zaga. Patrick mandou para as redes.

É o que queremos. Poder ter chances de gols, criar, criar e criar. Ainda mais quando precisamos de gols. Não sei se foi o melhor jogo. Fizemos jogos muito bons no Gauchão. Mas é importante para seguir o trabalho. Nos dá confiança.

Rodinei, Víctor Cuesta, Edenílson, Thiago Galhardo e Patrick. Todos com atuações individuais de destaque no primeiro tempo. E quando as individualidades sobressaem – assim, no plural -, é sinal de que o coletivo está encaixado.

O segundo tempo iniciou sob controle, em condições ideais para a estreia de Taison… Até a expulsão de Palacios fazer esse plano ruir. A partida ficou mais dinâmica, e Ramírez mexeu bem, com as entradas de Yuri Alberto e Marcos Guilherme para explorar a velocidade em contra-ataques.

Funcionou. Yuri marcou o quarto gol após assistência de Mauricio em mais uma bola longa. E Marcos Guilherme desperdiçou chance em lance semelhante. No finalzinho, Yuri teve mais uma chance de ampliar.

Com a vitória, o Inter chega a três pontos e é o líder do Grupo B da Libertadores. O Colorado volta a campo pela competição na próxima quarta-feira, às 21h30, quando recebe o Olimpia.

Antes, porém, o compromisso é pelo Gauchão. O Inter enfrenta o Juventude no domingo, às 16h, na Montanha dos Vinhedos, pelo jogo de ida da semifinal.