Atlético-MG ainda é pouco confiável, mas mostra muita evolução, bons indícios e um rumo

Na entrevista coletiva pós-jogo, o treinador do América de Cali, Juan Cruz Real, disse que enfrentou uma equipe que foi montada para disputar o título da Libertadores. Ele está certo. No papel, o Atlético-MG tem qualidade para brigar pela taça. Na prática, esse nível de desempenho ainda não apareceu, mas a vitória sobre os colombianos por 2 a 1, nessa terça, deu recados e indícios importantes.

Foi, de longe, o melhor jogo do Galo sob o comando de Cuca (nesta passagem). Já no primeiro tempo, que teve o 0 a 0 como placar final, foi possível ver evoluções. Contra uma equipe que buscou se fechar o máximo possível (muito em função de sua fragilidade técnica), o Atlético, ao contrário da estreia na Libertadores, usou os cruzamentos na área como uma das alternativas para chegar ao gol rival, mas não a única. Conseguiu triangulações e finalizações de fora da área, por exemplo. Não marcou, entretanto.

Os gols saíram no segundo tempo, quando o time teve mudanças importantes. Hulk entrou muito bem na vaga do apagado (já há algum tempo) Eduardo Vargas. Savarino, que não rendeu na etapa inicial, voltou diferente, mais participativo, atento e produtivo. Deu, inclusive, lindo passe de calcanhar para o segundo gol de Hulk (já havia marcado de pênalti). O Galo, enfim, conseguiu converter volume em gols. Keno melhorou, mas ainda tem muita margem de evolução.

Feito um raio-X do ataque, que, quando funcionou, deu a vitória ao Galo, é importante fazer um raio-X mais completo. A defesa foi pouco testada, mas o meio-campo pode (e deve) produzir mais. Zaracho (enquanto esteve em campo, o melhor da partida) e Nacho Fernández são jogadores muito acima da média.

Com treino e um encaixe bem feito com o primeiro volante, seja ele quem for (Tchê Tchê teve atuação seriamente prejudicada pelo erro grave, que resultou no gol adversário), os argentinos têm tudo para tornar o Atlético um time mais criativo, dinâmico e compacto. Apesar das evoluções, o Galo ainda é uma equipe espaçada e de transição lenta. Por isso, pouco confiável.

O caminho para equilibrar expectativa e realidade no Atlético é longo, mas a vitória no Mineirão deu ótimos recados, principalmente por mostrar que algumas “carências” podem ser resolvidas no próprio elenco. Um meio-campista marcador, com boa saída , dinâmica e chegada ao ataque cairia bem? Não só cairia, como caiu. É Matías Zaracho. Um camisa 9 forte, bom finalizador, mas também inteligente para abrir espaços? Pode ser Hulk.

Não à toa o Atlético é visto pelo técnico do América de Cali (e por tantos outros) como candidato ao título. O time pode, sim, ser um sério postulante à taça. Avaliando desempenho até aqui, ainda é muito pouco. Avaliando projeções de melhora, um primeiro passo, firme, foi dado.