Deiveson Figueiredo: “Benavidez tem medo de apanhar na cara. Vou caçá-lo até nocautear”

Não ter ficado com o cinturão peso-mosca do UFC após nocautear Joseph Benavidez no UFC Norfolk em fevereiro deste ano mexeu com Deiveson Figueiredo. O brasileiro, que na ocasião não bateu o limite de 57,2kg na véspera do evento, revelou em entrevista ao Combate que, quando a ficha caiu, após a luta, o sentimento era de frustração. O paraense admitiu que a falha no corte de peso e a falta de profissionalismo, segundo ele, não se repetirá na Ilha da Luta do UFC nesta semana.

– Logo após a luta eu estava feliz pela vitória, mas depois, já em casa, refletindo, eu fiquei mal, porque poderia ter batido o peso. Eu não fiz um corte de peso legal como esse agora, que fiquei bem abaixo do peso. A gente aprende com os erros e com as derrotas. Eu aprendi que eu não devia chegar no UFC como eu chegava, com 65kg, 66kg. Antes eu sempre consegui bater o peso, mas nesse eu não consegui. Sentei com a minha nutricionista e resolvemos ir para essa luta com o peso bem mais baixo. Eu gosto de ser profissional em tudo o que eu faço. Foi muito chato pra mim ter passado por isso. Eu vejo outros campeões com os seus cinturões e fico um pouco cabisbaixo, sabe? Eu para eu estar com o meu cinturão, e não consegui por falta de profissionalismo. Dessa vez eu vou ser profissional, vou bater esse peso e pegar esse cinturão. Fora de treinos eu peso entre 70kg e 72kg. É muito complicado bater 57kg. Tem que ter muita força de vontade e treinar forte.

O lutador também falou sobre uma motivação especial que ele tem para conquistar o cinturão contra o americano: realizar o sonho do avô, que faleceu há cerca de dois meses, de vê-lo campeão do UFC. Nem mesmo o problema envolvendo o exame positivo para Covid-19 e o atraso na chegada a Abu Dhabi diminuiu a confiança do brasileiro.

– Esse cinturão era um presente que o meu avô Dedê – João Leal de Deus – queria muito. Eu o perdi há dois meses e ele queria muito tocar nesse cinturão. Esse vai ser um presente para ele. Meu foco nessa luta também é para dar esse presente para o meu avô. Estou super motivado. Tive o coronavírius que atrapalhou no início, mas estamos preparados para vencer qualquer batalha. Viemos pra levar esse cinturão. Vamos mostrar ao mundo que eu sou o campeão. Estou com 2kg pra tirar até a pesagem, e vai ser tranquilo. A maior diferença foi a dieta, que eu fiz direitinho para não ter nenhum problema. Vou provar a eles que eu posso bater abaixo do peso ainda.

Falando sobre o rival, Joseph Benavidez, Deiveson Figueiredo diz ver muitas falhas no jogo do americano. Segundo ele, a luta será uma caça, que só vai acabar com o adversário nocauteado no octógono.

– Benavidez tem muitas falhas, não sabe atacar andando pra trás. Vou pressionar muito esse cara visando as falhas dele e vou nocautear como na primeira vez. Ele vem com jogo de bater e fugir, mas não vai conseguir. Eu vou atrás até pegar ele. Não sei até quando ele vai fugir. Eu treino para dez rounds e vou caçá-lo até conseguir o nocaute. Ele tem medo de receber golpes no rosto, isso é nítido. A cabeçada na primeira luta partiu dele, o ataque foi dele. Eu apenas me defendi, e o choque de cabeça abriu o ferimento. Quando ele sentiu o sangue escorrendo, ficou nervoso, tanto que ele passou a mão no rosto. Nisso ele perdeu por segundos a concentração na luta, e foi ali que eu aproveitei e meti a mão pra nocauteá-lo. Eu sou um cara agressivo, meu estilo de luta é matador. É só o Benavidez não usar a cabeça na próxima luta que eu mostro que eu venço sem isso.

Mesmo tendo vencido com tranquilidade a primeira luta, o paraense admite que teve algumas falhas que, segundo ele, foram corrigidas nos treinos. Uma delas foi permitir que Benavidez o tocasse muitas vezes.

– Eu lutei confiante na primeira vez e estou levando comigo a confiança, porque conheço o jogo dele. Mas não posso subestimá-lo, e isso eu não faço em nenhuma luta. Sempre treino para lutar contra o melhor. Já conhecendo o jogo dele, eu trabalhei para corrigir os golpes que faltaram e que eram para ter sido usados na luta contra ele. Na primeira luta ele estava me tocando bastante, mas nessa segunda pode ter certeza que isso não vai acontecer. Eu corrigi todos os erros e estou preparado para pegá-lo. Eu sou muito feroz no ataque. Um tigre quando quer pegar uma presa jamais a assusta. Ele se aproxima dela com paciência e dá o bote perfeito. E eu sou esse cara. Ele estava me batendo e eu esperei a hora certa para que a minha mão pudesse tocar nele com toda a força. E não deu outra: ele foi nocauteado no segundo round.

Falando da chegada em Abu Dhabi e do corte final de peso, Figueiredo acredita que a alta temperatura dos Emirados Árabes nesta época do ano tem sido favorável a ele, porque ajuda no corte de peso, e também o deixa mais à vontade durante a noite, já que a sua região, no Pará, também é muito quente.

– O complicado foi no início, porque ficamos seis dias no hotel. Os primeiros dias estão sendo muito tranquilos, estamos bem próximos do peso. As dificuldades existem e temos que superar. Aqui é muito quente, mas estamos usando isso a nosso favor, porque ajuda bastante a cortar o peso. Se for lutar no calor vai ser melhor pra mim, porque eu venho de uma cidade quente e já estou acostumado.