Insegurança na pista

Durante a madrugada da última terça-feira (2) uma tentativa de assalto a ônibus no quilômetro 29 da PR-444, entre Mandaguari e Arapongas, resultou na morte do motorista João Valentim Chiuzuli, 44 anos, natural de Ibaté (SP). A ação violenta é mais uma demonstração do terror que assaltantes estão impondo na rodovia.

O delegado Zoroastro Nery do Prado Filho, titular da 55ª Delegacia de Polícia Civil de Mandaguari, afirma ao Jornal Agora que o caso é complexo. Os investigadores da DP já desmantelaram duas quadrilhas especializadas nesse tipo de crime. “Mas os bandos se reorganizam e voltam a agir”, destaca.

Nery comenta ainda que, para evitar os investigadores que integram a 9ª Subdivisão Policial de Maringá, os assaltantes tem adotado um padrão, que é abordar o coletivo alvo no trecho conhecido como paredão de pedra e abandonar o veículo em alguma estrada rural de Bom Sucesso, no Vale do Ivaí. “Com isso eles tentam dificultar o trabalho da polícia”. 

Geralmente, as vítimas são deixadas em estradas com sinal de telefonia quase inexistente. Em caso recente, registrado no dia 20 de março, o assalto aconteceu às 2h30, mas as vítimas só conseguiram entrar em contato com a polícia por volta de 5h30.

 

Crime

A tentativa de assalto ocorrida na terça-feira teria começado por volta de 3h. Um Volkswagen Gol se aproximou do coletivo que carregava compristas de Bauru (SP) para Foz do Iguaçu e tentou a abordagem. O motorista do ônibus acelerou, e um dos ocupantes do carro efetuou disparos usando uma pistola.

Mesmo com os disparos, o condutor do coletivo não parou. Em seguida, um Volkswagen Jetta, possivelmente veículo de apoio ao assalto, se aproximou, e um de seus ocupantes disparou contra o ônibus usando um fuzil de calibre 556.

As balas perfuraram o vidro da parte frontal do coletivo e acertaram o motorista, que morreu na hora. Em seguida o ônibus ficou fora de controle, saiu da pista e caiu em uma ribanceira. Alguns passageiros se feriram e foram encaminhados a hospitais da região, enquanto os integrantes da quadrilha fugiram sem levar pertences dos compristas.

 

Investigação

O delegado conta que, nos casos recentes, a delegacia local conta com apoio da P2 da Polícia Militar e da equipe de inteligência da Polícia Rodoviária Estadual. Revela ainda que a investigação deixou claro que os alvos do bando não são, aparentemente, “marcados”, já que a rodovia é frequentemente utilizada por sacoleiros.

“Chegamos à conclusão de que os criminosos agem na base da tentativa e erro. Eles já abordaram ônibus de romeiros e uma vez assaltaram um ônibus que voltava de São Paulo com estudantes da Universidade Estadual de Maringá (UEM)”, relata Nery. Sem dar mais detalhes, o delegado declara que o inquérito continua.

 

Posto policial

Ao Jornal Agora, o delegado afirma que uma forma de coibir ações criminosas na PR-444 seria a instalação de um posto avançado da Polícia Rodoviária Estadual (PRE). 

Atualmente, os atendimentos no trecho que liga Mandaguari a Arapongas são feitos pela equipe da PRE de Rolândia, e isso significa alto tempo de resposta às ocorrências, ou seja, tempo suficiente para um assalto ser concluído. 

“São quase 50 quilômetros praticamente desprotegidos”, afirma Nery. O delegado ressalta que já fez um pedido formal para a instalação de um posto na rodovia, e aguarda uma resposta da Secretaria de Estado da Segurança Pública e Administração Penitenciária do Paraná (SESP/PR).

 

* Matéria publicada na 296ª edição do Jornal Agora