“Comadre Jacqueline”

Quem conta essa história é meu pai, seu Vicente Lima, nascido no Crato, sertão do Ceará, vizinho de Juazeiro do Norte, a terra do padre Cícero. Por sinal, incrível como os nordestinos são divertidos e possuem histórias para contar.

Diz que lá no Ceará, na década de 60, um casal decidiu que queria Jhon e Jacqueline Kennedy como padrinhos de seu primeiro filho, algo bastante improvável. À época, ele era o homem mais poderoso do mundo, presidente dos Estados Unidos, e ela, a primeira dama americana.

Procurado, o cônsul americano no Ceará riu da hipótese, mas remeteu o assunto à embaixada, já em Brasília à época, e não diferente, o embaixador também gozou da possibilidade, mas por dever de ofício, enviou a demanda para Washington, na Casa Branca, sede do governo e residência do presidente.

Para surpresa de todos e felicidade do casal sertanejo, a resposta foi positiva e ambos aceitaram serem padrinhos da criança, mas com um porém: não teriam condições de vir ao Brasil prestigiar a cerimônia, mas mandariam o cônsul com procuração para representá-los.

Os brasileiros aceitaram, o batismo ocorreu, o cônsul dos Estados Unidos compareceu, e Jackie e Jhon Kennedy, mesmo que à distância, se tornaram padrinhos da criança cearense.

Passados alguns meses, ocorreu a tragédia de Dallas, quando em desfile em carro aberto, Jhon Kennedy foi assassinado com um tiro na cabeça e morreu nos braços da jovem e bela esposa.

Assistindo a tudo pela televisão, a cearense, mãe da criança batizada, não titubeou e soltou um grito na sala de sua casa. Voltou-se para o marido e o interrogou: “o meu Deus, como não estará comadre Jacqueline numa hora dessas?”.