“Batman completa 80 anos”

Há 80 anos chegava às bancas dos Estados Unidos a revista Detective Comics número 27, trazendo a primeira história do Batman, criação de Bob Kane em conjunto com seu amigo Bill Finger, que recentemente começou a ser creditado como co-criador do personagem.

O homem morcego foi uma encomenda da National Publications, futura DC Comics, para aproveitar o grande sucesso do Superman lançado um ano antes, dando início à era dos super-heróis nos quadrinhos. 

Ao contrário do homem de aço, Batman não tinha super poderes e tinha sua inspiração nos heróis da literatura pulp, como o Sombra e o Zorro, personagens que combatiam o crime e mantinham suas identidades secretas sobre a aparência de jovens ricos e excêntricos. Seus criadores certamente não esperavam que ele se tornasse um dos principais ícones da cultura pop, com uma influência que se espalha para além dos quadrinhos de heróis, alastrando-se pela televisão, cinema, games e todo tipo de mídia.

No mês de abril, a DC Comics comemora a publicação da milésima Detective Comics, oito décadas após a aparição original do guardião de Gotham City. Nos quadrinhos, Batman já passou pelas mãos de habilidosos criadores, vivendo diversas fases, desde as mais cômicas, passando para tons mais soturnos, chegando às histórias de forte teor psicológico.

Não tardou para que Batman saísse dos quadrinhos e invadisse a TV. Na década de 1960, o personagem foi interpretado por Adam West, antagonizado pela cômica versão do Coringa de Cesar Romero. Houve também uma animação iniciada em 1968, ano em que a série live-action foi encerrada. Desde então, Bruce Wayne e seus coadjuvantes, apareceram em diversos programas televisivos e nos cinemas.

Após uma série de histórias clássicas dos quadrinhos como A Piada Mortal de Alan Moore, O Cavaleiro das Trevas de Frank Miller e Asilo Arkham de Grant Morrison, o personagem se credenciou definitivamente para alçar voos mais altos e garantir o público das telonas. O primeiro filme do herói foi dirigido por Tim Burton em 1989, e obteve excelente recepção ao mesclar os tons mais sombrios dos quadrinhos com as cores extravagantes. No entanto, os filmes seguintes, lançados nos anos 1990, decepcionaram e fizeram o herói amargar alguns anos na geladeira. Inclusive, Batman & Robin de 1997, de Joel Schumacher, ficou marcado como um dos piores filmes do gênero em todos os tempos.

Embora nos quadrinhos o Batman nunca tenha perdido sua relevância, um ano importante para o renascimento do herói em outras mídias foi 2005. Com o lançamento de Batman Begins, a trilogia dirigida por Christopher Nolan tinha início. Cavaleiro das Trevas, de 2008, que contou com a impressionante atuação de Heath Ledger como o Coringa, arrebatando prêmios como o Oscar, o Globo de Ouro, o Bafta e o prêmio do Sindicato dos Atores. 

 

O Cavaleiro das Trevas

Após 10 anos de inatividade em Gotham, Bruce Wayne regressa à antiga vida como Batman. Com uma narrativa inteligente e realista, Frank Miller mostra o legado sombrio do Cavaleiro das Trevas. 

Bruce Wayne é um homem de 55 anos que carrega em si não apenas o peso da longa idade, mas também uma incessante busca por justiça. Os diálogos revivem o passado melancólico de Bruce, explorando seu lado antissocial e recluso. Na galeria de vilões, uma gangue mutante promove uma série de ataques violentos, além de prometerem comandar a cidade. O retorno do vilão Duas Caras, após anos de tratamento no Arkham, e o aparecimento do Coringa, propagam mais uma vez o caos.

Miller utiliza várias dinâmicas jornalísticas dentro da narrativa entre questões públicas, políticas e psicológicas que permeiam as consequências do aparecimento do Batman na cidade de Gotham. Um roteiro palpável e tangível, com questões intrigantes sobre o herói. O segmento artístico da obra é bem desenhado por Miller e pela arte final de Klaus Janson, com traços expressivos e detalhados. As cores de Lynn Varley também são favoráveis à narrativa. Os tons predominantemente acinzentados e escuros externam o lado perigoso e sujo da cidade de Gotham.