O que fazer com aquilo que não posso mudar?

O que fazer quando nos deparamos com algo que desejamos tanto mudar mas não conseguimos? O que fazer com algo que nos machuca, mas que não podemos mudar?

JA PAROU, POR EXEMPLO, PARA PENSAR SOBRE A ANSIEDADE QUE VOCÊ SENTE E FAZ DE TUDO PARA NÃO SENTIR?

Você acorda de um dia pro outro e começa a sentir seu coração batendo de forma acelerada, você sente um “nó na garganta”, sua respiração parece faltar, seus nervos estão à flor da pele, coisas antes tidas como simples agora parecem te irritar “além do normal”, seus pés e mãos soam, tudo parece difícil e você sente uma gigantesca vontade de chorar, não é? Quase como se fosse uma tentativa de você se livrar daquele peso e amontoado de coisas ruins que estão acontecendo com você. E aí, diante de tudo isso, você se pergunta: “Meu Deus, o que é que está acontecendo comigo?”.

O Google neste momento parece ser maior parceiro… mas aí você percebe que pesquisando o que você sente, você acha 1001 (mil e uma) doenças que podem estar percorrendo pelo seu corpo. Aí você entra em completo e total desespero! É claro que, a partir disso, você procura diversos profissionais, faz uma bateria de exames e, de repente, o médico te dá uma notícia: “Calma, minha querida. Você “só” tem ansiedade!”.

Você nega estes sentimentos, diz pra você mesmo que eles não podem fazer parte de você e que eles são as piores coisas que já aconteceram em sua vida. A partir disso, você busca todo tipo de alternativa. Medicamentos controlados, produtos homeopáticos, terapias alternativas, conselho espiritual e, as vezes, percebe que, ainda assim, nada parece mudar.

Aí você entra num tremendo estado de desesperança. Parece que você está num buraco sem saída. E, confesso, é muito provável que você esteja num buraco sem saída. Pois a maneira como você tem agido para solucionar seu problema me parece não ser muito funcional. Mas fique tranquilo, estar num buraco sem saída nem sempre é um problema, as vezes é a solução. Saber que você está num buraco sem saída te mostra o quão evidente é a necessidade de você tomar outras rotas e caminhos para solucionar seu problema. Você só precisa parar e pensar: o que eu fiz para chegar até aqui? o que eu preciso fazer de diferente para sair desse buraco? Afinal, você sabe, nós sempre podemos fazer diferente… mesmo que seja aos poucos, devagar e com muito cuidado!

PENSE COMIGO!

Nossos sentimentos são mensageiros do nosso corpo. Eles são reação à coisas que acontecem em nosso mundo e a nossa volta. Eles nos informam de que, por algum motivo, algo não anda bem. Seja por motivos passados que te levaram a agir da maneira como age hoje e a ter os problemas que tem atualmente ou até mesmo por questões pontuais que tem surgido em sua vida, eles ainda continuam te mostrando: “Hei, me nota. Eu quero te falar algo!”.

Vamos fazer um exercício: Imaginemos que você é um motorista de “primeira viagem” e que comprou seu veículo recentemente. Desde que você o comprou você tem feito vários passeios maravilhosos, não é mesmo!? Seu veículo tem te levado ao trabalho, ao shopping, a casa da pessoa que você ama e a todos os lugares que você deseja. Durante um desses passeios você começa a perceber um pequeno barulho vindo do motor de seu veículo. Isso te preocupa, mas você ignora, pensando que, quem sabe pode ser algo “característico” do veículo, não é mesmo!? Passa-se uns dias e o barulho do veículo aumenta mais um pouco e se torna evidente até para as pessoas que fazem os passeios com você. Você se preocupa ainda mais, mas tenta pensar que não será nada demais, com pensamentos como: “Ah, eu acabei de comprar o veículo… é impossível que dará problema tão rapidamente”; ou “Eu não estou preparado para pagar essa manutenção. Isso terá que esperar. Tenho certeza que não será nada demais”. Você decide, portanto, a deixar para lá. Nos próximos dias você tem uma viagem longa a fazer, e logo em seu início, seu veículo começa a fazer o barulho de forma ainda mais intensa e alta e, infelizmente, pára no meio do caminho. Você fica possesso e começa a dizer: “Nada dá certo para mim!”, “Só podia acontecer comigo”, “Não é possível que isso esteja acontecendo comigo”, “De repente tudo dá errado para mim”, “Estava tudo certo e de repente acontece isso!? Não dá pra aguentar!”, “Logo quando eu mais preciso, ele me deixa na mão”. Aí você consegue rede de celular, pesquisa o contato de um mecânico, você liga para ele e ele chega até você. Quando ele inspeciona o veículo ele te questiona: “Seu veículo começou a apresentar algum barulho ou sinal recentemente?”. Você começa a se lembrar de todas as vezes que seu veículo apresentou o bendito barulho, e diz: “Ah… sim… ele começou a ter uns barulhinhos… Ah, mas nada demais”. O mecânico volta a questionar: “Há quanto tempo ele passou a apresentar estes barulhos”. E você: “Ah, acho que a uns 4 meses”. E o mecânico: “Poxa vida… você deveria ter levado seu carro para uma mecânica. Qualquer barulho ou sinal pode significar falhas no veículo que, em algumas ocasiões, podem até “fundir” o motor. Vamos torcer para que não seja isso”. O mecânico liga para um guincho e todos vão á mecânica na busca de uma solução.

Bom, se eu te disser que é exatamente isso o que você faz com o seu sentimento indesejável, você acreditará? Pois é… é isso mesmo! Você o nega, tenta fugir dele, busca respostas mirabolantes, mas não pára para ouvi-lo. Você se esquiva, luta contra ele e tenta controlá-lo. E advinha: ele só aumenta!

POR ESTE MOTIVO…

É importante pensarmos que aquilo que não podemos mudar ou controlar, devemos, portanto, aceitar! E aceitar não precisa significar uma atitude passiva frente ao problema, mas sim uma atitude assertiva onde se aceita o que se está vivendo pelo benefício e compromisso de passar a investir esta energia em lutas que te aproximem daquilo que você pode alcançar e que está intrinsicamente ligado aos seus desejos e valores.

Aceitar não significa, por exemplo, parar de usar o veículo, mas parar um momento para avaliá-lo, entender o que pode estar acontecendo e a buscar soluções possíveis diante do caso. E, acredite, isso fará total diferente!

A chave para você mudar seu estado emocional atual não é tão simples quanto alguns dizem. Aceitar é uma tarefa muito difícil, que envolve doação, entrega e compromisso… mas possível!

ACEITE COM COMPROMISSO!

É importante aceitar o que está vivendo, o que está sentindo… pois tudo isso faz parte de quem você é agora e tudo isso tem uma função especial em sua vida atual. Mas para entender isso você precisará parar, ouvir/ver/refletir sobre o que está acontecendo, verificar o que pode (e como) aceitar e elencar novas estratégias para lidar com tudo aquilo que tem acontecido. E devem ser novas mesmo, hein!? Pois sabemos, as antigas não te levaram a lugar algum.

ELENCANDO ESTRATÉGIAS

Veja bem. Se agora, ao final, você sabe que negar o sentimento/problema não te leva a lugar nenhum, além do estado de sofrimento atual, então devemos começar da seguinte maneira…

  • Estratégia 1: Deixe de negar seus sentimentos difíceis e indesejáveis! Acolha-os! Eles fazem parte de você! Não é possível estar na posição de controle o tempo todo. Quanto mais você tenta controlar seus sentimentos, dizendo a eles de que eles são indesejáveis e de que você não os aceita, mais presente eles estarão. Por isso, passe a encará-los de modo mais receptivo.
  • Estratégia 2: Pratique mindfulness e relaxamento diariamente. Conscientizar-se do momento presente e aprender técnicas de autocontrole são maneiras muito funcionais de tranquilizar-se diante da tempestade, sem precisar negá-la. Acredite: ajudará e muito! Faça regularmente. Se possível, todos os dias! Observação: No final deste texto deixarei alguns links de vídeos e áudios para que você consiga meditar sozinho em casa.
  • Estratégia 3: Comece a vivenciar o aqui e agora! Vivenciar o presente e todas as sensações são verdadeiras fontes de cura e melhora! Ao mesmo tempo que a ansiedade, por exemplo, está em você, uma série de outras emoções e sentimentos também estão. Então, procure vasculhar quais outras emoções e sentimentos também fazem parte de você no momento presente. Talvez outros sentimentos precisam de parte dessa atenção que você tem depositado exclusivamente na ansiedade. Aqui vai um exemplo: quando você come, você presta atenção no sabor que todos os alimentos tem em sua boca e de como a combinação deles parece perfeita para você naquele momento? Agora, outro exemplo/dica: Você costuma tomar aquele banho acelerado? Pois é… quase todos nós fazemos isso. Mas passe, agora, a experienciar, verdadeiramente, seu banho. Sinta a água percorrendo por todo o seu corpo. Sinta a água tocando sua pele. Sinta a temperatura da água. Tudo isso enquanto respira e relaxa.
  • Estratégia 4: Se conscientize de seus desejos, valores e princípios. Busque momentos, contextos, planos e decisões que vão a encontro esses desejos, valores e princípios. Isso ajudará muito! O melhor caminho é aquele que vai em direção a aquilo que você entende como essencial em sua vida. Aqui vai um exemplo: que tipo de atividade que esteja de encontro aos seus valores e princípios pode te aproximar de você mesmo? Pode te fazer se sentir melhor, mais realizado(a) e feliz? Comece e pensar sobre isso! Anote! Isso também ajuda muito!
  • Estratégia 5: Se comprometa com sua mudança, mas sem se cobrar demais! Comece a tomar decisões e atitudes simples, que vão de encontro a sua melhora, mas não se cobre exacerbadamente. Nós já sabemos que você não precisa estar no controle de tudo! Por isso, deixe as coisas acontecerem ao mesmo tempo em que você se mantém atento ao passos necessários para a mudança.

E NÃO SE ESQUEÇA…

Não deixe de procurar ajuda profissional. É sempre mais fácil e assertivo quando um profissional capacitado nos ajuda a passar por esses momentos de dificuldade. Não precisamos lidar com tudo sozinhos!

VÍDEOS RECOMENDADOS:

Aprenda a viver o aqui agora (presente): https://www.youtube.com/watch?v=lEbmZ-X8C9U

Mindfulness (3 minutos de meditação): https://www.youtube.com/watch?v=EIL3mLscURw

Exercício de Relaxamento Autógeno: https://www.youtube.com/watch?v=BH37vS0htHA

 

Psicólogo Weslley Knupp
Psicoterapeuta de orientação analítico-comportamental
CRP: 08/28270
(44) 99945-3528
Clique aqui e confira a versão original do artigo acima.

 

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