Vinny e LS Jack voltam em combo nostálgico: ‘Não existe substituir Marcus’

No ano passado, ao sair para jantar com Vitor Queiroz, baixista do LS Jack, Vinny jogou a isca. Já que a banda vinha cogitando retornar aos palcos após uma década, que tal se ele assumisse o posto de vocalista, anteriormente ocupado por Marcus Menna? A brincadeira em tom de provocação não morreu ali e pairou sobre a cabeça do amigo por vários dias.

Nessa época, estávamos em um projeto que tocava Rita Lee. E eu tinha a ideia de voltar com o LS Jack em outro formato, com dois vocalistas. Mas aí um dia sonhei que o Vinny estava cantando na banda. Liguei para ele às quatro da manhã e perguntei se ele iria cumprir a promessa do restaurante. Ele mandou vários coraçõezinhos, e aqui estamos


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Mas por que voltar?

Em entrevista ao UOL, Vinny bate na tecla de que a volta não é fruto da recente onda de nostalgia noventista que assolou o pop. Nem que sua proposta seja substituir Marcus Menna, ex-líder do LS Jack. Em vez disso, ele fala na importância de reativar uma “superbanda” que ficou 16 anos sem lançar material inédito e que ainda possui fãs saudosos e ávidos por novidades.

E a volta do LS Jack é para valer. Há planos de turnê nacional e DVD ao vivo

Agora independente, o grupo lançará cerca de dez músicas inéditas, uma a cada dois ou três meses. Duas delas já saíram: “Esquece a Solidão e Sai” e “No que Depender de Mim”, que traz aquela sonoridade nostálgica, típica do final dos anos 1990 e início dos 2000, quando o pop rock radiofônico era tão cotidiano quanto um prato de feijão com arroz no Brasil.

E a voz grave de Vinny continua a mesma… e os cabelos também!

Seria no mínimo ridículo e até boboca, nós, que estamos próximos dos 50 anos, começarmos a fazer rap ou algo parecido com um menino que surgiu ontem, usando as mesmas expressões. Seria desconfortável, para não dizer patético. Nossa preocupação maior é artística. Fazer algo do qual poderemos nos orgulhar

E não que mal voltaram e já teve polêmica?

O retorno LS Jack foi prejudicado pelo “timing”. Por causa da pandemia do coronavírus, a banda ainda não conseguiu começar a cumprir a agenda de shows. E outra: o single de estreia da nova formação, com o falsamente sugestivo título de “Esquece a Solidão e Sai”, foi lançado no dia 12 de março, poucos dias antes de o Brasil entrar em quarentena.

Para ficar bem claro: não é para ninguém sair de casa agora!

Claro que a música foi feita antes de sermos acometidos pela pandemia e quarentena. Em alguns poucos veículos, ela foi interpretada como se estivéssemos incentivando pessoas a irem às ruas. Como se fosse um ato político. Seria um ato político burro, para não dizer outra coisa. Acho que houve um pouco de maldade e desconhecimento sobre a data da música

Mas, espera aí, Vinny. Você disse em 2018 que havia se aposentado da música para se dedicar à carreira acadêmica e estudar filosofia e ciências sociais. O que mudou?

Muitas coisas pesaram. Agora, no meio do ano, finalmente termino meu trabalho conclusão de curso em psicanálise. Acho que não existe necessidade de aposentadoria permanente. Você pode se aposentar por um período. Até para ter uma percepção melhor sobre o que faz e o que não quer mais fazer. Meu desejo, mais do que um projeto de carreira, é fazer algo bonito com o LS Jack

Mas e o Marcus Menna? Ele aprovou a reunião?

Sim. Sem ressentimentos. O ex-líder do LS Jack fez um texto nas redes sociais dando aval à nova fase. Para quem não lembra: em 2004, ele ficou dois meses em coma após realizar uma lipoaspiração malsucedida, que o deixou com falta de oxigenação no cérebro. Ele teve sérias sequelas motoras, das quais vem se recuperando aos poucos. Em 2010, ele voltou aos palcos e chegou a participar de shows com os colegas.

O Marcus vai fazer parte o projeto, sim, mas em shows significantes. Aí acho que seria muito legal. Um momento mágico para os fãs. Porque faria todo o sentido e daria brilho especial a determinadas situações. Mas a banda está focada a desenvolver todo o repertório autoral com Vinny

Uma última para pergunta para Vinny e Vitor: de que vocês têm mais saudade da época em que 'Heloísa, Mexe a Cadeira' e 'Carla' estouraram no Brasil?

Adorava reunião com corpo da gravadora. Divulgadores. Apesar de ser artista solo, eu compartilhava os passos a serem dados com mais pessoas. Acho que a música hoje é cada vez mais solitária. Cada um dentro dos seus home studios e se isolando cada vez mais. A gente sente isso hoje no LS Jack

Sinto falta daquela sensação de prosperar muito jovem. E de aquilo ser algo relevante e mágico para você. O incrível é que parte daquele frescor nós voltamos a sentir agora. Estar em uma banda traz um sentimento diferente, como se fôssemos muito jovens ainda.