Morto há 30 anos, Cazuza deixou obra que atravessa gerações

Uma vida imensa e intensa. Assim foi a existência do poeta Cazuza. O artista foi um “relâmpago” que durou dez anos. A cara dos anos 1980 e do Rock and Roll.

Cazuza se dizia um roqueiro, nos gestos e na atitude. Mas hoje, é possível dizer que as letras do artista caberiam em qualquer tipo de música. Um poeta do cotidiano, do amor, dos sonhos.

“Eu queria muito votar. Porque a geração da gente, eu tenho 25 anos, foi privada disso, mesmo. Foi deixada à margem. Então, acho que votar pra presidente vai ser um barato. Eu queria muito”, disse Cazuza em 1984, um ano antes do fim da ditadura militar e da redemocratização.

O filho único de João e Lucinha representava uma família imensa no palco. Irmão mais novo de Raul Seixas, filho da Tropicália e da Jovem Guarda, descendente de todos os “exagerados” ao longo da história.

“As composições deles podem ser divididas em duas partes: ele mesmo dizia, a primeira ele falava de amores desvairados, de paixões, só de amor. Depois que ele soube que ele tava doente, aí ele disse: 'eu parei de olhar pro meu umbigo e comecei a cantar o meu país. 'Brasil, mostra a sua cara' tá super atual até hoje”, disse Lucinha Araújo, mãe de Cazuza.

George Israel, parceiro de Cazuza em tantas músicas, lançou um clipe reunindo artistas para relembrar o amigo.

“Essa música [Brasil, a sua cara] tem essa potência, então a gente quis fazer uma homenagem ao Cazuza e juntar um monte de gente, que o Cazuza tinha isso também de trazer todo mundo pra junto, e apresentar várias pessoas”, declarou George.

E Cazuza não se escondeu. Mesmo enfrentando uma doença que, na época, tinha uma estigma de uma maldição. Na luta contra a AIDS e contra o preconceito, o artista nunca pediu “piedade”.