Sociedade Médica de Maringá aponta para situação dramática da rede de saúde

Nesta quarta-feira (24) a Sociedade Médica de Maringá (SMM) promoveu uma reunião com participação do prefeito Ulisses Maia e do vice, Edson Scabora, e diversos secretários municipais.

Estiveram presentes, além de médicos associados, representantes de hospitais, planos de saúde, Conselho de Medicina do Paraná, OAB, Associação Comercial, Codem e Sinepe.

Lucas Eduardo Savóia de Oliveira presidente da SMM lembrou que a pandemia de Coronavírus atingiu níveis críticos. Ele elogiou o recente decreto da Prefeitura para diminuir a aglomeração de pessoas.

“Vemos que muitos jovens não entenderam a gravidade da situação. Nossa preocupação é chegar a um ponto em que não consigamos prestar serviços com qualidade. Estamos quase entrando em colapso e os profissionais da saúde estão no limite de sua capacidade”, explicou.

A superintendente do Hospital Universitário, Elisabete Kobayashi, lembrou que a taxa de ocupação da instituição está em 100%, enfermaria e UTI. “Temos 50 pacientes na fila de internação. Aqueles que são internados permanecem de 1 a 2 meses e muitos, normalmente, vão a óbito. De 50 pacientes dia, passamos a atender 200. É fundamental diminuir a transmissibilidade do vírus”, alertou.

Kobayashi também frisou que é preciso tirar as pessoas das ruas para diminuir a incidência de acidentes. “Nosso centro cirúrgico continua atendendo ocorrências. Foram 16 cirurgias em 2 dias”.

Relatos de dirigentes da Unimed apontam que houve dia em que a instituição recebeu oito pacientes com Covid e não havia vagas em hospitais.

Durval Francisco do Santos Filho, presidente da Unimed, disse que a situação está um caos. “O pessoal da linha de frente está estressado. A vacina deu uma aliviada, mas os cuidados não acabam. Existe o medo do desconhecido. Atendemos 800 pacientes por mês. Hoje, maioria é covid e com virulência agressiva. As festas continuam e é preciso conter isso. As pessoas estão angustiadas. Vai morrer gente em pronto atendimento, em casa, no carro”, previu.

O prefeito Ulisses Maia disse que o decreto da Prefeitura é um dos mais rigorosos do país no momento e que o mesmo foi feito para diminuir os índices de transmissibilidade da doença.

Para os médicos, o lockdown seria o ideal, mas eles compreendem que é a última medida a ser tomada, como frisou o diretor da Unimed, Reynaldo Brovini. “É a medida mais eficaz, mas sabemos que é drástica e deve ser tomada somente se nos próximos dias o quadro não melhorar”.

O presidente da Acim, Michel Soares, mostrou-se contra a eficácia do lockdown em Maringá e defendeu fiscalização rigorosa. “Não adianta fechar se as cidades da região ficarem com as portas abertas. Vamos contribuir reativando uma campanha de conscientização das pessoas”.

Os diretores do Conselho Regional de Medicina, Fabíola Tasca e Marcio Carvalho, endossaram as medidas adotadas pelo município, solicitaram a otimização dos profissionais da saúde e sugeriram a proibição da venda de bebidas.

De acordo com os médicos presentes, o álcool deixa as pessoas mais à vontade para desrespeitar as regras básicas do controle da pandemia e ainda aumenta o número de acidentes.

Ao final do encontro, a Sociedade Médica promoveu uma votação e os presentes ratificaram que é preciso adotar a lei seca.

O prefeito Ulisses Maia disse que a equipe da Prefeitura vai se reunir nesta quinta-feira (25), pela manhã para definir esta questão.

Outro compromisso de Ulisses Maia foi de analisar a possibilidade de a Prefeitura realizar testes de covid.

Os médicos solicitaram que a ACIM e outras instituições do meio empresarial incentivem o home office nos próximos dias, também como alternativa para evitar a transmissibilidade do vírus.

As instituições presentes se comprometeram em usar todos os meios para dar capilaridade a campanhas de conscientização da população. Estiveram presentes os secretários Marcelo Puzzi e Marcos Cordiolli.

Maringá superou esta semana a marca de 30 mil casos de coronavírus, o número de internamentos é um dos mais altos desde o início da pandemia. 

A ocupação máxima na cidade e em outros municípios da região já está resultando em uma fila de espera por um leito de hospital.

Às 8h desta quinta-feira (25) a Central de Regulação de Leitos da 15ª Regional de Saúde de Maringá informou que 19 pacientes aguardavam por uma vaga de UTI na macrorregião noroeste, formada por 115 cidades.

No total, a região oferece 154 leitos de UTI pelo SUS para a covid-19.