Imagens mostram lago do Parque do Ingá antes e depois da seca

Imagens feitas em 2018 e em 2021 mostram o antes e depois do lago do Parque do Ingá durante uma das maiores secas já registradas no Paraná.

O nível do lago caiu quase oito metros e formou um cenário assustador.

As fotos de 2018 foram feitas pela fotógrafa Suely Sanches. A equipe de jornalismo do site GMC Online refez as fotos nos mesmos locais para reproduzir o antes e o depois. 

A principal causa para a queda drástica no nível do lago é a seca que atinge todo o Brasil nos últimos anos.

No entanto, pesquisadores da Universidade Estadual de Maringá (UEM) fizeram várias análises e estudos do comportamento geográfico da região e chegaram a uma conclusão para o problema: a falta de áreas permeáveis no entorno do Parque do Ingá.

O trabalho, coordenado pela professora da UEM e doutora em Geografia Juliana de Paula Silva, apontou uma mudança na dinâmica hidrológica natural da região do lago. 

“Quando chove e existe uma área permeável na região, grande parte da água se infiltra e os lençóis mais superficiais enchem. É essa reserva que abastece a nascente quando não chove. Ela fica armazenada nos poros do solo e na rocha superficial. Os lençóis vão gradativamente baixando e não baixam de uma vez como acontece no lago. Isso é relativamente normal em grandes centros por conta da urbanização e como aqui temos um lago artificial fica perceptível essa baixa. Esse fenômeno que ocorre no Parque do Ingá acontece por conta da área urbana. Quanto menos área permeável, mais isso acontece. A urbanização é a grande responsável por essa diminuição do nível do lago”, afirma Juliana. 

Ainda segundo a pesquisadora, mesmo que volte a chover muito nos próximos anos, o lago nunca mais ficará como antes.

“É muito grave. Mesmo que chova muito não vai ficar como era antes porque não tem impermeabilização. Mesmo que encha, ele baixa rápido. Nos anos que chover muito vai encher, mas depois baixa muito outra vez”, explica. 

Além disso, os pesquisadores levantaram uma hipótese e sugeriram um estudo mais aprofundado ao Plano de Manejo do Parque do Ingá, elaborado pela prefeitura, com relação à perfuração de poços artesianos no entorno do Parque do Ingá.

O trabalho, também coordenado pela professora da UEM, recomendou a contratação de um estudo hidrogeológico para que a hipótese dos poços artesianos furados pelos condomínios seja apurada e, se confirmada, a quantidade que esses poços contribuem para essa baixa do nível do lago. 

“Não dá para afirmar que a perfuração de poços artesianos tenha relação, por isso, recomendamos a contratação de um estudo aprofundado sobre esse assunto para avaliar a quantidade de água que estão tirando do lençol na região e se isso afeta nas nascentes. Pode ter relação sim, mas não tem como afirmar sem um estudo na mão. Tudo isso foi sugerido no Plano de Manejo e a prefeitura deve estar se movimentando já”, diz a pesquisadora. 

Estudo apontou possíveis soluções para subir o nível do lago 

O estudo elaborado pelos pesquisadores da UEM apontou algumas alternativas que a Prefeitura de Maringá pode tomar para tentar melhorar o nível do lago do Parque do Ingá.

Uma das sugestões foi aumentar a permeabilidade de água dentro da cidade na região do Parque do Ingá. 

Uma outra alternativa, segundo a professora doutora em Geografia, seria direcionar o escoamento da água da chuva, que atualmente é enviada para o Córrego Moscados, para o lago, com a condição de que essa água fosse tratada antes de chegar ao lago e que a qualidade fosse controlada pelo poder público. 

“É uma sugestão interessante porque se a água da chuva for tratada e essa qualidade for controlada o lago pode voltar a subir com qualidade. Agora se somente jogarmos a água da chuva lá teremos um lago extremamente contaminado por conta dos resíduos da cidade. Atualmente os gabiões [caixas de contenção de água] jogam a água da chuva no Córrego dos Moscados”, explicou a pesquisadora. 

Outra recomendação foi o estudo dos poços artesianos que foram furados em condomínios no entorno do Parque do Ingá.

“Teria que verificar a questão dos poços artesianos e se for confirmado que eles influenciam teria que se fazer um gerenciamento que não permita a retirada de água na região ou controlar a quantidade que se pode tirar”, diz Juliana de Paula Silva.