Ratinho Jr pode barrar aumento de 9,62% na tarifa da água, diz líder do governo

Diante das críticas generalizadas tanto da bancada de apoio ao governo na Assembleia Legislativa, quanto da oposição, o líder da base de situação na Casa, deputado Hussein Bakri (PSD) afirmou hoje (26) que o governador Ratinho Júnior (PSD) pode reverter o aumento de 9,62% da tarifa de água e esgoto pedido pela Sanepar e aprovado pela Agência Reguladora de Serviços Públicos do Paraná (Agepar) ontem (25). As informações são do portal Bem Paraná.

Segundo Bakri, todos os parlamentares da base governista consideram que, diante da pandemia do Covid-19, não é o momento para aumentar a tarifa. “Tenho a informação de que o governador realmente está estudando a possibilidade de que possa fazer uma reversão desse quadro”, disse ele. Ainda de acordo com Bakri, os deputados da base do governo já disseram ao chefe da Casa Civil, Guto Silva, e ao próprio governador, que são contra o reajuste. “Eu, pessoalmente, como líder do governo, e toda a nossa base de deputados, não concordamos com o momento desse aumento. Isso foi dito claramente para o governo, inclusive para o chefe da Casa Civil”, garantiu.

“Eu acho que tem todas as condições sim (de reverter o aumento). O governador é o chefe do Estado. O governador é quem tem o poder e a caneta de poder reverter uma situação como essa”, afirmou. “Não é o momento. Acho que todos os deputados concordam. É uma unanimidade aqui dentro. Todos os deputados da base, nós vamos conversar com o governador, com o chefe da Casa Civil, com o governador, para encontrar soluções”, prometeu.

O assunto foi o principal tema da sessão de hoje da Assembleia. O deputado Homero Marchese (PROS), que integra a base de Ratinho Jr, afirmou que a Agepar não divulgou a nota técnica com os cálculos que justificariam o aumento. “A nota técnica que permite calcular o reajuste nem sequer apareceu no site da Agepar”, criticou.

Marchese explicou que em 2016 a Sanepar pediu e a Agepar homologou um reajuste, supostamente de valores atrasados, de 25,63%. Para que o valor não fosse aplicado na conta da água imediatamente, deferiu-se um adiamento, em oito parcelas, até 2024, corrigido pela Selic e somado à inflação dos meses anteriores. “Nós temos alertado para que essa política tarifária resultaria em aumentos anuais de tarifa bem acima da inflação. Portanto, o reajuste anunciado ontem era uma tragédia anunciada”, apontou.

No ano passado, o Tribunal de Contas chegou a suspender parte do reajuste de 12,13% que havia sido proposto, mas depois autorizou a aplicação do reajuste total, lembrou.

“Na nossa opinião, uma série de valores estão sendo adicionados indevidamente. O valor de multas ambientais que a companhia foi condenada a pagar. Ela não poderia repassar isso aos usuários. Indenizações por renovação de contratos com municípios. E repasses a fundos municipais de forma indiscriminada”, afirmou o parlamentar. “Há bastante tempo para que medidas sejam tomadas, para que ele não seja implementado, pelo menos na sua totalidade. Ainda dá tempo de evitar esse grave prejuízo aos paranaenses”, disse.

O líder da bancada do PT, deputado Tadeu Veneri, disse ter feito levantamento indicando que entre 2016 e 2019, a Sanepar já reajustou a tarifa da água em 47,03%, índice que seria 17% acima da inflação do período. “No segundo trimestre de 2019 a Sanepar teve um lucro líquido de R$ 1,2 bilhão de lucro devido ao reajuste do ano passado”, explicou.

O deputado Arilson Chiorato (PT), também da oposição, disse que a Sanepar virou a “queridinha” da Bolsa de Valores de São Paulo. “Não tem como não lamentar a decisão dos diretores para pedir o aumento em 9,62%. Nem um número, nem uma matemática, e muitos menos sensibilidade política permitiria um reajuste desses”, afirmou. “O povo com dificuldade por conta da pandemia. Empresa fechando, pessoas desempregadas, maior crise hídrica da história do Paraná e a gente aumentando a tarifa da água. Quero aqui pedir para que o governador tenha sensibilidade, dialogue com a empresa, e a gente não deixe acontecer isso com o povo paranaense, que está sufocado financeiramente”, cobrou.