Mortes em confrontos com PMs aumentam 16% no primeiro semestre de 2020 no Paraná, diz Gaeco

O número de mortes em situações de confronto com policiais militares no Paraná aumentou 16% no primeiro semestre de 2020, em comparação com o mesmo período do ano anterior, segundo um levantamento do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco).

O grupo, que faz parte do Ministério Público do Paraná (MP-PR), divulgou os dados nesta segunda-feira (24).

Segundo o relatório, 183 pessoas morreram em confronto com PMs no estado, entre janeiro e junho de 2020. No primeiro semestre de 2019, foram 157 mortes nesta situação.

Além das situações de confronto com policiais militares, o Gaeco informou que também houve uma morte em confronto com guardas municipais, no primeiro semestre deste ano.

De acordo com o relatório, nenhuma morte em confronto no período envolveu troca de tiros com policiais civis. Nos primeiros seis meses do ano anterior, foram quatro mortes.

Considerando o total entre situações envolvendo PMs e guardas, foram 184 mortes no primeiro semestre deste ano, o que representa aumento de 13,5%, se comparado com os 162 óbitos no mesmo período, em 2019.

Segundo o levantamento, as cidades com maior número de mortes em confronto com PMs, no período deste ano, foram:

Curitiba – 48 mortes;

Londrina – 29 mortes;

São José dos Pinhais – 14 mortes;

Colombo – 7 mortes;

Prudentópolis – 7 mortes;

Foz do Iguaçu – 6 mortes.

Entre janeiro e junho de 2020, segundo o Gaeco, foram registradas mortes em situações de confronto em 48 cidades do estado.

A Polícia Militar (PM) informou que o compromisso da corporação “é sempre com a proteção da vida do cidadão e dos policiais militares envolvidos na ocorrência”.

A Polícia Civil do Paraná destacou que “ostenta ótimas estatísticas com baixo número de mortes decorrentes de confronto policial”. Veja, ao final da reportagem, as notas oficiais, na íntegra.

Investigação

Todos os casos de mortes em supostos confrontos envolvendo agentes de segurança pública são investigados pelo Ministério Público, que informou que também acompanha de perto o aumento nos casos.

Leonir Batisti, coordenador Gaeco, afirma que, segundo a PM, a pandemia fez com que os polícias chegarem mais rápido nas ocorrências, pela falta de trânsito, o que aumentou as situações em que as equipes chegam aos locais ainda com flagrantes, gerando confronto com os suspeitos.

Aumento de assassinatos

Dados fornecidos pela Sesp, via Lei de Acesso à Informação (LAI) ao G1, mostram que o total de assassinatos no Paraná também aumentou na comparação entre os primeiros seis meses deste ano, com o mesmo período do ano anterior.

O número de vítimas de homicídio doloso, latrocínio e lesão corporal seguida de morte aumentou de 959, nos primeiros seis meses de 2019, para 1.077 neste ano.

Paraná registra aumento de 12,3% no número de assassinatos no primeiro semestre

O total de vítimas de homicídio doloso no estado aumentou de 869, entre janeiro e junho do ano passado, para 1.031 no primeiro semestre deste ano.

O que dizem as polícias

Veja, abaixo, a nota da Polícia Militar, na íntegra.

“O Comando da Polícia Militar do Paraná informa que toda e qualquer ação de integrantes da corporação durante o cumprimento do dever, seja no âmbito preventivo ou repressivo, é amparada pelos limites da Constituição Federal e da lei, e levados em consideração os direitos humanos e a dignidade da pessoa.

O compromisso da PM é sempre com a proteção da vida do cidadão e dos policiais militares envolvidos na ocorrência.

A atuação dos policiais militares segue protocolos internacionais de atuação policial, que passam por várias técnicas, sendo a arma de fogo como último recurso. Além disso, a corporação está sempre instruindo e aperfeiçoando seus integrantes no sentido da busca da preservação da vida e respeito aos direitos humanos”.

Confira, abaixo, a nota da Polícia Civil do Paraná

“A Polícia Civil do Paraná ostenta ótimas estatísticas com baixo número de mortes decorrentes de confronto policial. O objetivo é sempre realizar a prisão do agressão, afinal somos uma polícia investigativa e todo criminoso pode ter informações importantes para investigações.

O treinamento constante de nossos policiais é direcionado para o uso diferenciado da força. Porém, a ocorrência de mortes, tanto de policiais como de criminosos, é inerente à atividade policial em todo o mundo.

Em toda ocorrência são instaurados procedimento administrativo e inquérito policial, que é submetido ao Ministério Público e ao Poder Judiciário, com total transparência e rigor para a apuração de raríssimos desvios”.