Curitiba pode retomar medidas duras de isolamento. ‘Afrouxamento não é vida normal’, dizem prefeito e secretária

O fim de semana com diversos eventos com aglomeração em Curitiba. Bares abertos e com muita gente — a maioria sem máscara e sem respeitar o distancimento — shows ao vivo, também lotados, manifestação na região Central com centenas de pessoas, foram alguns dos flagantes na Capital. Ontem, na parte da tarde a região do calçadão da Rua XV estava lotado, como se fosse dia comum pré-pandemia.

Isso fez com que o prefeito de Curitiba, Rafael Greca, e a secretária municipal da Saúde, Márcia Huçulak, se manifestassem, chamassem a atenção da população e dos comerciantes, e ainda dessem a tradicional “bronca”, alertando que se esses eventos tornarem a se repetir, a cidade pode dar um passo atrás no afrouxamento do distanciamento social.

“Eu quero livrar Curitiba do lockdown. Para isso, preciso de responsabilidade social no distanciamento”, disse o prefeito em entrevista ao ao Jornal Meio Dia Paraná da RPC, ontem. “Apelo para que não repitam isso. O vírus mata e é necessário um novo comportamento social. Preciso da urbanidade e educação sanitária das pessoas”.

O Sindicato das Empresas de Gastronomia, Entretenimento e Similares de Curitiba (Sindiabrabar) publicou uma nota de repúdio ao ocorrido neste fim de semana. A nota começa informando que o comportamento favorável a aglomeração ocorreu de forma pontual “em uma infíma minoria dos membros de sua categoria econômica da gastronomia, e que em prática imprudente, quebrou as regras cuidadosamente elaboradas pela Prefeitura de Curitiba e sua Secretaria da Saúde para o gradual retorno de funcionamento de espaços gastronômicos compartilhados”.

Mais tarde, durante a live de divulgação do boletim da Covid-19, a secrtetária Márcia Huçulak voltou a repreender as atitudes do fim de semana. “A situação está ficando complicada. Medidas drásticas podem ser tomadas. Alguns comerciantes parecem que não entederam o seu papel e a gravidade da situação”, disse a secretária em tom de bronca.

Segundo Márcia, a curva de casos vem subindo na Capital, o que traz preocupação para a saúde, por isso reforçou a orientação de que é preciso se proteger e proteger os próximos, especialmente aqueles do grupo de risco, como os idosos.

“O jovem sai de casa, vai para a ‘muvuca’, e depois vai deitar no colo da vovó, levando o vírus para ela”, falou Márcia, dedo em riste. Nesta semana, a pasta deve anunciar medidas de reforço na fiscalização junto com outras secretarias.

População pode denunciar aglomerações

A população pode colaborar indicando os locais que cometem excessos e que precisam ser fiscalizados. O cidadão pode registrar sua denúncia pela Central 156 – tanto por meio do número de telefone ou pelo site central156.org.br, ou pelo telefone de emergência 153 da Guarda Municipal.

Bares e tabacarias estão entre os estabelecimentos com o maior número de infração. Os primeiros por não garantirem o distanciamento necessário estre as pessoas, já as tabacarias porque descumprem o Decreto Municipal 470, de 29 de março, artigo 10, que proíbe a disponibilização e o uso de dispositivos para fumar, como narguilés, arguilés, hookah e similares, em locais públicos e privados.

Parte das vistorias aconteceram dentro de programação da Ação Integrada de Fiscalização Urbana (Aifu), contando com a participação das equipes das secretarias municipais de Defesa Social e Trânsito, do Urbanismo, da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros.

Desde 17 de abril, quando entrou em vigor a resolução 01/2020, que estabelece medidas para serem colocadas em prática pelos estabelecimentos comerciais e de serviço em atividade em Curitiba, a Secretaria do Urbanismo realizou 263 fiscalizações. Foram ações diurnas e noturnas, em diferentes bairros, que resultaram em 229 notificações sobre questões relacionadas à covid-19 e 112 notificações por irregularidades apresentadas nos alvarás.

Os fiscais também aplicaram ações de embargo em 26 estabelecimentos que acabaram tendo as atividades encerradas no ato da fiscalização.

Covid-19: Boletins trazem números diferentes sobre casos no País

O Brasil registrou 849 novas mortes e contabilizou mais 19.631 infectados pelo novo coronavírus nas últimas 24 horas, segundo levantamento conjunto feito pelos veículos de comunicação Estadão, G1, O Globo, Extra, Folha e UOL e divulgado ontem. Conforme os dados reunidos, o País soma 710.887 registros de contaminação e 37.312 óbitos pela doença. Os dados foram retirados dos boletins das secretarias estaduais do País.

Já os números do Ministério da Saúde — que agora só trazem dados das ocorrências do dia — mostravam 15.654 novos casos e 679 novos óbitos. No total, seriam, segundo os números do Ministério, 707.412 casos e 37.134 mortes.

O Ministério também prometeu para hoje uma nova plataforma para informar os casos no País. O novo sistema será disponibilizado como parte do processo de mudança da forma de consolidação das informações pelo ministério.

A alteração sofreu questionamentos do Ministério Público Federal (MPF) e da Câmara dos Deputados. A Organização Mundial da Saúde, em entrevista coletiva, também defendeu que o Brasil seja mais transparente.

Paraná passa dos 7 mil casos e 243 óbitos pela Covid-19

A Secretaria de Estado da Saúde informou ontem mais 134 confirmações e seis mortes pelo novo coronavírus. Total de pessoas contaminadas é de 7.031 e 243 pacientes mortos pela infecção. Entre todos os 399 municípios paranaenses, 283 têm ao menos uma ocorrência da doença, aproximadamente 70% do total de cidades.
Curitiba — A Secretaria Municipal da Saúde confirmou mais três óbitos de moradores da cidade pela Covid-19 e 62 novos casos da doença. Com os registros, Curitiba soma 61 mortes pela Covid-19 e 1.352 casos confirmados, dos quais 1.031 já estão recuperados da doença. As novas vítimas são dois homens e uma mulher com idades entre 75 e 87 anos.