Reflexões sobre nossas atitudes

A coluna semanal do presidente da Cocari, Vilmar Sebold, abordará atitudes essenciais dos líderes, indicadas por Peter Drucker, estudioso conhecido como “Pai da Administração Moderna”. Confira nesta terça-feira (21) as considerações do presidente da cooperativa a respeito das quatro primeiras atitudes listadas por Drucker. Na próxima terça-feira (28), leia a segunda parte desta coluna.

Por favor, permitam-me nesta semana, tratar sobre um assunto que, de forma indireta, está em destaque neste período em que vivemos novos desafios e ameaças constantes, com a pandemia do Covid-19 e as suas consequências em nosso cotidiano.

Acredito que nenhum problema se resolve por si mesmo, antes ao contrário, os problemas que não são enfrentados com atitudes, tendem a crescer em tamanho e complexidade, de tal forma que, quando agimos precocemente e com atenção, podemos até escolher a melhor forma de solução. A falta de iniciativa para o enfrentamento dos ditos problemas pode trazer consequências danosas para os envolvidos e ainda envolver outros que nada tinham a ver com a questão, ao final, sequer sobrar opção de solução. O estrago é certo.

Nesta seara, gostaria de, novamente, citar aquilo que foi registrado pelo “Pai da Administração Moderna”, Peter Drucker, com relação às 8 Atitudes Essenciais dos líderes, a saber:

  1. Perguntar sobre as providências a serem necessariamente tomadas;
  2. Buscar coisas certas para a empresa;
  3. Ter um plano de ação claro;
  4. Não fugir das responsabilidades;
  5. Ser um bom comunicador;
  6. Ter foco em oportunidades, não em problemas;
  7. Transformar as reuniões em acontecimentos produtivos;
  8. Usar o pronome pessoal “NÓS” e evitar o “EU”.

Bem, Peter Drucker faleceu em 11/11/2005, aos 95 anos de idade, portanto, não vivenciou a grande evolução tecnológica (4.ª Onda), que teve início nos últimos anos, entretanto, sua análise das 8 Atitudes Essenciais não poderia estar mais adequada ao momento em que vivemos, por isso, a proposta de reflexão sobre o tema que serve para nossas empresas, atividades econômicas quaisquer que sejam, e para nossas vidas. Precisamos lembrar que, dependendo das circunstâncias, todos podemos ser líderes ou liderados:

Na Primeira Atitude descrita por Drucker, temos a questão de “perguntar sobre as providências a serem necessariamente tomadas” e, então, surgem diversas análises que podemos fazer: será que realmente perguntamos aquilo que é necessário ao pleno esclarecimento das questões? Será que não optamos por ficar em silêncio, guardando as dúvidas por insegurança e temor de como seriam recebidas as perguntas? Não preferimos comentar nossas dúvidas fora do ambiente, com as pessoas ou momento corretos? Quais as providências que realmente necessitam ser tomadas? Quais são os custos?  Quais são os reflexos? Quais são os resultados?

Na verdade, precisamos refletir se realmente sabemos perguntar. Óbvio que também precisamos nos preparar para as respostas que possamos receber ou ainda responder as novas questões apontadas.  Muitas vezes, notamos que as pessoas preferem ficar em silêncio ou fazer círculos, de forma a não gerar desgastes com questionamentos diretos, ou seja, preferem permanecer na zona de conforto para evitar desgastes, ou ainda, não perguntam aquilo que querem saber de forma clara e, finalmente, pode acontecer que não tenham domínio do assunto, portanto, entendem ser melhor buscar meios de proteção e defesa para não se exporem e, por consequência, as ações são postergadas, e os problemas não são resolvidos e se avolumam e, então, podem tornar-se “monstros” consumidores de energia e recursos. Precisamos todos refletir sobre aprender a perguntar. Nas dúvidas é que são encontradas as soluções.

Na Segunda Atitude, que trata de “buscar as coisas certas para as empresas”, permitam-me a ousadia de complementar que precisamos buscar as coisas certas para as empresas e para as pessoas que com elas interagem. Somos influenciadores e influenciados pelo meio onde estamos inseridos.  Quando fiz o vestibular em 1980, o tema da redação, que ainda me marca, tinha o título de “Máquino-Homem”, para mim até hoje, um ser mitológico que acredita que seus problemas profissionais não afetam sua vida pessoal e de sua família, bem como o inverso, onde as questões pessoais não afetam seu desempenho profissional. Ledo engano! Somos todos seres humanos dotados de inteligência e emoções, portanto, reforço, somos influenciados e influenciamos o meio com qual nos relacionamos, e não só devemos cumprir, mas também, termos como filosofia, fazer e exigir as coisas certas e isto é questão de princípios e claro, atitude. Não somos robôs ou máquinas que podem ser desconectados, portanto, aquilo que acontece em nossa vida pessoal ou profissional, sempre vai interferir em nossas emoções, ações e reações.

No Terceiro quesito, onde a atitude está fundamentada em “ter um plano de ação claro”, acredito que a falta de foco ou falta de conhecimento pleno do assunto, e ainda o envolvimento emocional das pessoas e especialmente dos líderes, os coloca na roda vertiginosa do processo operacional, lhes tira o necessário tempo para planejar e tomar as atitudes que farão a diferença e, então, quando percebem, são meros operadores e não planejadores, portanto, deixam de ser referenciados como pessoas ou líderes estratégicos. Os planos de ação, com corretas análises, portanto, bem fundamentados e com clareza, facilitam o entendimento de todos os envolvidos, geram maior comprometimento e potencializam as chances de êxito. De outra parte, a energia dispendida em ações sem planejamento, ou sem a plena clareza e entendimento das pessoas, geram ações e dispêndios sem controle, em consequência, são seguros passaportes para resultados insatisfatórios ou negativos. (Não é isto que estamos enfrentando na pandemia? Não conhecemos a doença, porém, precisamos agir. No entanto, as atitudes geram questionamentos e insegurança e, desta forma, agimos por tentativas de acerto e erro, não porque as pessoas não estão preocupadas, mas sim porque não conseguimos segurança das consequências).

Na Quarta Atitude, temos uma regra fundamental que determina como seremos vistos e reconhecidos por todos com quem nos relacionamos e cuja regra é “não fugir das responsabilidades”. Neste aspecto, temos percebido que muitos procuram terceirizar a responsabilidade dos seus fracassos (não assumem) e o pior, outras tantas vezes, querem se apropriar daquilo que os outros fizeram e deu certo. Este, seguramente, é um caminho curto para o descrédito pessoal e profissional.

É nobre a atitude de compartilhar o sucesso e é determinante a obrigação de assumirmos responsabilidade sobre nossas atitudes pessoais e profissionais. Realmente, não temos mais espaço para a “Lei de Gérson”, onde se busca vantagens, sem considerar se aquilo é ético e moral.

Gostaria que estas reflexões servissem para as pessoas que, independente de crises ou atividades que desenvolvem, continuam nas suas vidas sempre “tocando em frente”.

Obrigado!