Mais de 13 mil mandaguarienses ainda não se vacinaram contra a febre amarela

O Paraná entrou em alerta no dia 26 de janeiro, quando a Secretaria de Estado da Saúde confirmou um o primeiro caso de febre amarela neste ano. Quem contraiu o vírus foi um jovem de 21 anos, que nunca havia sido vacinado contra a doença e encontra-se internado no Hospital Regional do Litoral, em Paranaguá.

O quadro de saúde do jovem é estável, e na última semana, o governo do Paraná anunciou o fechamento das Unidades de Conservação Estaduais do Litoral por tempo indeterminado. Isso porque foi confirmada a circulação do vírus da febre amarela na zona rural de Antonina, no Litoral.

O Centro de Operações em Emergências em Saúde também preparou um documento com o chamado fluxo de manejo clínico, para orientar os profissionais de saúde na identificação e tratamento da febre amarela, uma vez que o último caso da doença ocorreu em 2015, em que a doença foi contraída fora do Estado.

Por conta do caso confirmado de febre amarela, a procura pela imunização aumentou no Estado durante a semana. A Secretaria de Estado da Saúde afirmou que tem estoque estratégico de 300 mil doses da vacina contra a doença, o que seria suficiente manter a população segura.

Em Mandaguari também houve aumento na procura pela vacina, porém cerca de 13 mil moradores ainda não se imunizaram contra a febre amarela. O número representa aproximadamente 40% da população local e foi levantado pela reportagem do Jornal Agora junto a Letícia Sudário Leão, coordenadora do setor de imunobiológicos da Secretaria Municipal de Saúde. “Nós temos doses da vacina disponíveis em todas as Unidades Básicas de Saúde, e quem ainda não se imunizou pode procurar a rede municipal para fazê-lo”, explica.

De acordo com Letícia, a faixa etária recomendada para vacinação é de 9 meses a 59 anos. A população de maior risco à exposição ao vírus é a que reside em áreas rurais, de matas, ou que costume frequentar áreas silvestres, tanto por trabalho quanto esporadicamente por turismo. Só deve tomar a vacina quem nunca foi vacinado, já que a imunização é feita com apenas uma dose em qualquer época da vida.

Perguntas e respostas sobre a febre amarela

O que é a febre amarela?

É uma doença infecciosa causada por vírus, que se manifesta por febre, dor no corpo, amarelão, fraqueza e com alto risco de morte em suas formas graves.

Quais as áreas de risco para a transmissão?

Áreas onde já há casos confirmados da doença, mortes de macacos por febre amarela e detecção do vetor (mosquito). Ainda assim, as áreas consideradas de maior risco são os locais de matas, florestas, rios, cachoeiras, parques e o meio rural.

Qual é o transmissor (vetor) da febre amarela?

Na forma silvestre, o vetor (mosquito) é o Haemagogus e o Sabethes. Eles são encontrados em áreas silvestres e de mata. Já na febre amarela urbana (último registro em 1942), a doença é transmitida pelo Aedes aegypti e Albopictus. Daí a grande importância de controle desse vetor, pois além da dengue, zika e chikungunya, também pode transmitir a febre amarela.

Como ocorre a transmissão da doença ao homem?

Ao picar um macaco ou uma pessoa doente por febre amarela o mosquito adquire o vírus e depois de alguns dias, quando picar outros macacos ou humanos, transmitirá a doença.

Qual o papel dos macacos na transmissão da febre amarela?

Os macacos não transmitem a febre amarela. Adoecem e morrem da mesma forma que os humanos. Por isso, a morte de macacos é um sinalizador da presença do vírus na região.

Quais os sintomas?

Os sintomas iniciais incluem febre súbita, calafrios, dor de cabeça, dor nas costas, dor no corpo, náuseas, vômitos e fraqueza. A maioria das pessoas melhora após os sintomas iniciais. No entanto, cerca de 15% dos casos apresenta um breve período de melhora e, então, desenvolvem uma nova fase mais grave da doença. Nesses casos, a pessoa pode desenvolver febre alta, icterícia (coloração amarelada da pele e do branco dos olhos), hemorragia (especialmente a partir do trato gastrointestinal) e, eventualmente, choque e insuficiência de múltiplos órgãos. De 20 a 50% das pessoas que desenvolvem a forma grave da doença morrem.

Qual é o tratamento?

Não há tratamento específico para a doença. O médico deve tratar os sintomas, como febre, dores no corpo e cabeça, com analgésicos e antitérmicos, e oferecer suporte.

Assim como na dengue, anti-inflamatórios e salicilatos (AAS) devem ser evitados, pois o uso pode favorecer sangramentos. O paciente deve ser acompanhado de perto e o médico deve estar alerta para qualquer sinal de piora do quadro clínico.

*Reportagem publicada na 288ª edição do Jornal Agora