Do outro lado

Um assunto que repercutiu muito na última semana foi a tremenda gafe de um famoso, MC Gui. De férias na Disney, o artista sacou o celular do bolso e filmou a pequena Jullie, uma criança que luta contra o câncer, a filmou, tirou sarro da criança e postou o vídeo no Instagram, pensando que iria bombar.

De fato, o vídeo bombou, mas não da forma como o MC gostaria que acontecesse. O tribunal da internet não perdoou, e foram necessárias apenas algumas horas para que Gui fosse alvo da cultura do cancelamento, vendo shows e contratos cancelados. No dia seguinte, um vídeo com cara de pedido de desculpas, mas sem assumir a culpa. “Eu achei ela parecida com um personagem do Monstros S.A.”, tentou justificar o artista ao fazer referência à animação da Pixar.

Em minha opinião, Gui errou profundamente em dois pontos nos quais todos erramos diariamente. O primeiro, e principal, foi esquecer que do outro lado da câmera de seu celular estava um ser humano. Vivemos tão ávidos por aparecer, bombar, “hitar”, que qualquer coisa que nos salte aos olhos é rapidamente clicada e publicada, e não nos preocupamos com as consequências disso.

O segundo ponto foi publicar de forma forçada um pedido de desculpas sem ao menos tentar entender onde errou e assumir que errou. Citei em um texto anterior que as redes sociais criaram uma geração de gente mimada, que não admite seus erros e não está nem um pouco disposta a aprender com eles.

Por fim, espero que a gente consiga absorver a mensagem que esse episódio nos deixa. Não é ser “politicamente correto”, e sim pensarmos que na outra ponta do meme, da indireta postada no Facebook, do comentário venenoso deixado em alguma postagem, existe um ser humano que inevitavelmente vai sofrer.

E você, já parou pra pensar duas vezes antes de expor alguém ao ridículo?