Crescer não basta: Mandaguari precisa cuidar do seu futuro!

Mandaguari completa 88 anos e, ao olhar para nossa história, não há como não sentir orgulho. Da pequena Vila Vitória, crescemos, avançamos e nos reinventamos, sempre com a força de quem acredita em dias melhores. Mas os 88 anos que celebramos hoje também nos convidam a uma reflexão séria e necessária: que cidade queremos construir para os próximos anos?

Como arquiteto e urbanista, professor universitário e servidor público, aprendi que cidades não são apenas ruas, praças ou edifícios. Cidades são feitas de gente. São feitas das crianças que brincam nas calçadas, dos trabalhadores que enfrentam o trânsito todos os dias, dos idosos que caminham pelas praças, dos jovens que sonham com um futuro melhor. Cada traço que desenhamos, cada plano que elaboramos, precisa ter um propósito muito claro: tornar a vida das pessoas mais digna, mais segura e mais feliz.

Mandaguari cresceu — mas será que cresceu como deveria? Sabemos que onde faltou olhar técnico e responsabilidade, hoje sobram problemas: trânsito mal resolvido, obras de asfalto e de galerias pluviais que precisaram ser refeitas em bairros inteiros, ausência de espaços públicos para a construção de escolas e postos de saúde justamente onde a população mais precisa. O crescimento sem planejamento cobra um preço alto: são recursos desperdiçados, é qualidade de vida perdida, é o futuro da nossa população comprometido. E é por isso que precisamos reafirmar, mais do que nunca: ou planejamos ou somos reféns da circunstância. Negar o planejamento é negar a possibilidade de escolher o futuro, é aceitá-lo seja ele qual for.

Mandaguari precisa escolher seu futuro. E, acima de tudo, precisa escolher cuidar das suas pessoas. Planejar não é apenas organizar espaços: é garantir que todas as famílias tenham acesso a bairros bem estruturados, que as crianças tenham parques seguros para brincar, escolas perto de suas casas para estudar, que os jovens tenham espaços de cultura e esporte, que os trabalhadores tenham mobilidade e segurança, e que os idosos encontrem locais adequados para lazer e convivência. Uma cidade pensada para as pessoas é uma cidade onde a vida floresce.

Precisamos também encontrar o equilíbrio entre desenvolvimento e sustentabilidade. Mandaguari precisa continuar gerando empregos e oportunidades, mas esse avanço não pode acontecer às custas da qualidade de vida ou da preservação ambiental. Cada novo projeto, cada novo bairro, deve ser pensado com responsabilidade social, ambiental e econômica, respeitando as necessidades das gerações presentes e futuras.

Estamos em um momento decisivo. Temos conhecimento, tecnologia e, mais importante, temos uma comunidade vibrante, cheia de talentos e de vontade de fazer Mandaguari ainda melhor. Mandaguari merece mais do que simplesmente crescer: merece se desenvolver com inteligência, sensibilidade e compromisso.

Porque, no final das contas, planejar é um ato de amor à cidade — e, acima de tudo, às pessoas que nela vivem. E é por amor a Mandaguari, e a cada mandaguariense, que devemos seguir lutando para que cada aniversário seja também um novo começo.

Rafael Rossetto, arquiteto e urbanista, professor universitário do Centro Universitário Cidade Verde
(UniCV), Assessor de Projetos e Convênios da Prefeitura Municipal de Mandaguari.