Resiliente, Palmeiras leva vitória rara no Sul e encorpa no Brasileiro em meio a dificuldades

A vitória do Palmeiras no Beira-Rio já seria muito comemorada em condições normais, afinal é apenas a segunda desde 1997 – a outra veio em 2016. Mas o enredo do segundo tempo, com o pênalti e expulsão de Kuscevic, tornaram ainda maior o resultado, mais uma vez obtido nos minutos finais.

A estratégia para ganhar em um ambiente desfavorável para o Verdão foi bem executada em boa parte do tempo em Porto Alegre. Não fosse a falta dentro da área do zagueiro chileno, o time de Abel Ferreira corria poucos riscos, ainda que também não criasse tanto depois de sair na frente com Deyverson.

O empate daquela forma parecia ser o caminho para uma pressão ainda maior do Colorado para virar em casa. Não foi o que aconteceu. O Palmeiras mostrou-se mais uma vez resiliente e organizado para vencer e continuar entre os líderes do Brasileirão.

O resultado poderia ter sido até encaminhado mais facilmente, afinal o Verdão saiu na frente logo aos nove minutos e, embora tenha dado campo ao Inter, ainda criou pelo menos duas chances claras para fazer o 2 a 0 na segunda etapa.

A escolha de Abel Ferreira por Deyverson mostrou-se um acerto, já que o centroavante teve presença na área colorada e incomodou a zaga adversária, com participação direta nos dois gols e uma entrega que empolga o técnico português.

Victor Luis, que vinha em uma sequência ruim, iniciou o jogo no banco, com Renan completando a linha de três zagueiros com a bola e posicionado como lateral-esquerdo quando o Inter atacava.

O garoto foi o ponto mais vulnerável do Palmeiras na primeira etapa, e Caio Vidal deu trabalho. O problema físico de Breno Lopes, destaque do Verdão na metade inicial, fez Abel escolher voltar do intervalo com Victor Luis.

A troca deu mais segurança defensiva, mas acabou com a principal válvula de escape para contragolpes. O começo do segundo tempo do Palmeiras, por isso, teve muita tentativa de bola longa, na maioria sem sucesso. Em um dos poucos erros defensivos do Verdão, Kuscevic cometeu pênalti em Caio Vidal, informado pelo VAR, e foi expulso no lance.

Um resultado que seria frustrante pelo rumo da partida, mas aceitável ao se levar em conta as dificuldades do Beira-Rio. Com um a menos e irritação grande pelo cartão vermelho, era possível imaginar um descontrole do time na reta final do segundo tempo.

Mas Gabriel Menino, Danilo Barbosa e Felipe Melo entraram bem, e o Palmeiras encontrou espaços mesmo em desvantagem numérica. Aos 38, Danilo deu o passe para Deyverson finalizar, mas o centroavante desperdiçou. Cinco minutos depois, o atacante iniciou a jogada, concluída pelo jovem volante, para dar vantagem novamente ao Verdão.

A dupla de cabelo descolorido foi destaque no Beira-Rio. Deyverson é um jogador com suas limitações técnicas, mas não tem exagerado até aqui e ajuda – já são dois gols desde a volta.

Danilo, que viveu altos e baixos na temporada, inclusive, por lesão, mostrou potencial especialmente no segundo tempo, em que marcou e construiu com muita qualidade. Zé Rafael fez um bom jogo, mas há um futuro animador para um meio-campo com o camisa 28 ao lado de Patrick de Paula, que está voltando após ser punido pelo clube por quebrar o protocolo de saúde.

Depois de vencer o Bahia nos acréscimos em um jogo com muitos problemas defensivos, o Verdão se mostrou mais seguro no Beira-Rio e com bom controle emocional para buscar um resultado que já parecia perdido. A reação de Abel Ferreira após o apito final mostra isso

Terceiro colocado no Brasileirão, o Palmeiras não deixa os líderes dispararem. E tudo isso ainda desfalcado de Weverton, Gustavo Gómez, Viña, e à espera da volta de Dudu. O grupo mostrou força mais uma vez, e o Verdão vai encorpando na briga pelo título nacional.