Ralf Schumacher teve passagem de dez anos na F1 mas não repetiu sucesso do irmão
Este dia 30 de junho marca o 45º aniversário do alemão Ralf Schumacher, irmão do heptacampeão Michael Schumacher e vencedor de seis grandes prêmios de Fórmula 1. Ralf estreou na categoria em 1997, pela Jordan e depois teve boa passagem pela Williams, antes de encerrar sua trajetória em 2007, pela Toyota.
Seis anos mais novo do que Michael, Ralf sempre conviveu com as inevitáveis – e desagradáveis – comparações com o irmão. Mas, apesar de o alemão não ter sequer brigado por títulos, não é exagero dizer que a carreira dele foi digna. Afinal, ele ganhou corridas, fez seis poles e subiu 27 vezes ao pódio. Não é de se jogar fora, convenhamos.
Início irregular na Jordan
Ralf Schumacher estreou pela equipe Jordan e, embora tenha demonstrado velocidade em alguns momentos, cometeu diversos erros. Curiosamente, alcançou o primeiro pódio logo na terceira corrida, na Argentina, mas depois de botar para fora o companheiro Giancarlo Fisichella… Com outras duas batidas, uma violenta em Montreal, e outra no irmão Michael em Nürburgring, Ralf foi o 11º na tabela.
Schumacher permaneceu na Jordan em 1998 e não teve uma primeira metade de campeonato das melhores. Mas, com a melhora do carro ao longo da temporada, o alemão também evoluiu e arrancou dois pódios, com um segundo lugar na Bélgica, onde foi instado a permanecer atrás do companheiro Damon Hill, e um terceiro na Itália. No campeonato, Ralf acabou em décimo.
Na Williams, a melhor fase
Ralf Schumacher foi recrutado pela Williams para ser companheiro de equipe do badalado Alex Zanardi, que vinha de um bicampeonato na Fórmula Indy. Qualquer dúvida que existia sobre Ralf acabou com o andamento do campeonato de 1999, já que o alemão pontuou em 11 das 16 corridas, com três pódios e uma quase vitória em Nürburgring, onde um pneu furado tirou Schumacher da ponta. Para se ter uma ideia, Zanardi não somou nenhum ponto, contra 35 de Ralf.
Não foi surpresa Schumacher ter sido confirmado como primeiro piloto na temporada de 2000. Num ano em que a Williams iniciou uma parceria com a BMW, Ralf voltou a subir três vezes ao pódio e acabou o campeonato em quinto, embora com menos pontos do que na temporada anterior. Mas o alemão somou o dobro dos pontos do companheiro, o estreante Jenson Button.
Em 2001, a combinação Williams-BMW cresceu bastante, principalmente nas pistas mais rápidas, e Ralf fez a sua melhor temporada na Fórmula 1. Tendo como companheiro o badalado estreante Juan Pablo Montoya, o alemão conquistou três vitórias, em Imola, Montreal e Hockenheim e, se a confiabilidade do carro fosse um pouquinho melhor, ele até poderia ter brigado pelo vice-campeonato.
Naquela temporada, Ralf passou a disputar curvas e freadas com Michael, e os dois entraram para a história da Fórmula 1 com a primeira dobradinha entre irmãos na categoria, no Canadá. Duas corridas depois, na França, houve nova dobradinha entre eles, mas com Michael em primeiro lugar. Schumacher terminou o ano em quarto na tabela.
A dupla formada por Ralf e Montoya foi mantida para 2002, mas desta vez o colombiano se sobressaiu no duelo interno ao terminar em terceiro na tabela, um posto à frente do alemão. Os pneus Michelin da Williams funcionavam muito bem em classificação, mas nem tanto na corrida, e, com isso, a Ferrari sobrou no campeonato com seus compostos Bridgestone.
Para piorar, o clima de rivalidade entre Ralf e Montoya ficou cada vez mais acirrado, a ponto de os dois se chocarem logo na segunda volta da corrida de Indianápolis. A transmissão de TV flagrou o chefe Patrick Head praticamente arrancando os cabelos. Ainda assim, os dois pilotos foram mantidos para mais uma temporada.
Em 2003, a Michelin acirrou o duelo com a Bridgestone, e a Williams fez um campeonato de igual para igual com a Ferrari. Nesse contexto, Ralf teve uma primeira metade de temporada melhor do que Montoya e conquistou duas vitórias consecutivas, em Nürburgring e Magny-Cours.
Quando parecia que finalmente o Schumacher mais novo brigaria pelo título, ele simplesmente apagou e marcou apenas um quarto lugar nas seis corridas finais, enquanto Montoya disputou efetivamente o campeonato até a penúltima prova. O quinto lugar na tabela foi uma decepção para Ralf.
Para 2004, a Williams apostou num carro com bico revolucionário, que ficou conhecido como Batmóvel, e os resultados da equipe caíram. Para piorar, Ralf sofreu um sério acidente durante o GP dos Estados Unidos, em Indianápolis, e sofreu fraturas em duas vértebras. Schumacher ficou seis corridas afastado e disputou as últimas três provas, tendo obtido um segundo lugar em Suzuka. Foi o canto do cisne de Ralf, que se transferiu para a Toyota.
Da promessa ao fim de carreira
A primeira temporada de Ralf Schumacher na Toyota foi bastante razoável. Foi o melhor carro produzido pela equipe japonesa em toda sua trajetória na Fórmula 1, e o alemão foi bem regular, tendo pontuado em 14 das 19 corridas. Ralf ainda fez uma pole position, no Japão, e acabou num bom sexto lugar no campeonato – a Toyota foi a quarta entre os construtores.
Quando se esperava um salto ainda maior da Toyota em 2006, o tombo foi grande… Na mudança de regulamento de motores dos V10 para os V8, o propulsor japonês não foi tão bem sucedido. Resultado: exceto um terceiro lugar na Austrália, ainda no começo do campeonato, e de um quarto na França, Schumacher não terminou nenhuma corrida entre os cinco primeiros. Na tabela,, um mediano décimo lugar.
A queda da Toyota foi ainda maior em 2007, e Ralf claramente se desmotivou. Pontuou em míseras três provas, tendo um sexto lugar na Hungria como melhor resultado. O carro não era bom, mas o alemão também cometeu erros, e completou o campeonato em 16º. Schumacher acabou dispensado e, depois de conversas malogradas com STR e McLaren, desistiu da F1 aos 32 anos de idade.
Ralf passou a correr no Alemão de Turismo (DTM) em 2008, mas, após cinco temporadas e nenhuma vitória, anunciou a aposentadoria das pistas. Passou a trabalhar na equipe Mücke Motorsport, de categorias de base em monopostos, e adquiriu ações do time, além de atuar como olheiro de jovens talentos da Mercedes. Hoje, cuida da carreira do filho David, que está na Fórmula 3.