Nadadora de 16 anos é a brasileira mais nova a cruzar o Canal da Mancha

Aos 16 anos, Mariana Chevalier se tornou a brasileira mais jovem a atravessar os 33,3 km do Canal da Mancha, que liga a Inglaterra à França, a nado. Decidida a completar um dos desafios mais famosos da natação mundial, ela venceu as condições nada ideais de treino durante a pandemia de coronavírus e nesta quinta-feira, 30 de julho, finalmente entrou na água em Dover, no Reino Unido, por volta das 5h30 da manhã (1h30 no horário de Brasília). Quase 12 horas depois, chegou a Cap Gris Nez, perto de Calais, na França, marcando um tempo de 11h55min nadando em águas geladas, com temperatura em torno dos 17º C. Márcio Junqueira, engenheiro capixaba de 48 anos, também conseguiu cruzar o canal nesta quinta. Veja no vídeo abaixo um trecho da prova filmado pelo pai de Mariana, Walter Santos Filho, que estava presente no barco que acompanhou a atleta juntamente com seu treinador, Júlio Wood Saldanha.

A pasta branca que mistura vaselina, lanolina e filtro solar e que foi usada para proteger sua pele ajudou a proteger do frio, mesmo que só um pouquinho. O mais difícil para ela, no entanto, foi o final, quando um encontro de correntezas a fez se sentir nadando sem sair do lugar.

 – Eu estava num ritmo bom, numa média de quatro quilômetros por hora. E no fim, cheguei nesse ponto em que me sentia parada. Estava cansada e nadando contra a correnteza, então meu ritmo reduziu pela metade, fiz quatro quilômetros em duas horas. Mas venci esse trecho e cheguei – conta a jovem nadadora, que chegou a se sentir meio anestesiada quando finalmente alcançou o seu destino. – Eu estava muito cansada para sentir qualquer coisa. E por causa da pandemia, só pude sair da água, botar o pé em terra firme, levantar meu braço para os organizadores verem, voltar para a água e subir no barco, para evitar aglomeração e risco de contágio. Mas depois, quando descansei, aí sim senti. Foi muito gratificante depois de tantos meses complicados de treino.

Com as medidas de distanciamento social impostas pela quarentena em função da Covid-19, houve o fechamento dos clubes e o cancelamento de provas. Com isso, Mariana teve que treinar em piscinas de amigos e, após conseguir a autorização, na represa do Passaúna. Sua rotina de preparação foi registrada no Instagram do projeto Mariana vai à Mancha (@marianavaiamancha), assim como sua vitória está sendo contada lá.

Contando com Mariana e Márcio, 37 brasileiros completaram o desafio até hoje. A mais jovem antes dela havia sido Kay France, que fez a prova com 17 anos em 1979 e se tornou a primeira mulher latino-americana a cruzar o canal. No exterior, o britânico Thomas Gregory realizou a façanha com apenas 11 anos, em 1988, quando terminou a prova em 11h54min, e detém até hoje a título de mais novo a completar a travessia.

Ao longo da travessia, Mariana, que começou a nadar aos 8 anos, deu sorte por encontrar um dia quase sem vento, de mar liso e com pouca variação de maré. Para superar o cansaço e o frio, se alimentou e se hidratou de hora em hora, com canja, batata cozida, chocolate, gel de carboidratos, refrigerante e bebidas isotônicas. No fim do dia, só pensava em descansar. Mas já programava o que faria nos dois dias de folga em Londres, antes da volta para o Brasil, no domingo:.

– Vou fazer umas comprinhas. Não pude passear, mas vi várias lojas legais. Se der tempo, vou conhecer alguns lugares também.