Jogadores do São Paulo reclamam de corte maior nos salários e atrasos

Um corte nos salários acima do esperado pelos jogadores do São Paulo irritou parte do elenco, além de relatos de atrasos e de que não foram pagos a todos em junho os 50% na CLT previstos no início da pandemia. A reclamação de alguns jogadores é de que o pagamento feito corresponde a 20% dos salários na carteira.

Em março, não houve acordo formal com os atletas e o clube fez uma redução unilateral.

A insatisfação acontece em meio à volta dos jogadores para testes clínicos, físicos e fisiológicos. Embora haja quem entenda a grave crise financeira aumentada pela pandemia de Covid-19, também há incômodo pela volta aos trabalhos sem o recebimento dos valores esperados. Os treinamentos serão iniciados a partir de quarta-feira (1º de julho).

Em meio à crise, o executivo de futebol Raí pretende fazer uma reunião nesta semana (possivelmente nesta segunda-feira) com os jogadores do São Paulo para explicar a situação e falar sobre os próximos passos.

Uma das possibilidades na mesa para conter a crise seria estender o corte salarial de 50% dos jogadores até o fim do ano. Empréstimo em banco também é uma alternativa pensada. Neste momento, tanto o prazo quanto a porcentagem desse possível novo corte estão indefinidos.

O corte salarial foi um dos temas da última reunião entre o presidente Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, a diretoria financeira e o Conselho de Administração. O departamento de futebol não participou do encontro.

Antes de tomar uma decisão, o São Paulo pretende buscar entendimento com os atletas. O assunto é considerado muito delicado no clube. A ideia é primeiro quitar os atrasos para depois propor um novo acordo salarial.

Nesse sentido, a intenção do clube é pagar essas pendências e resolver parte dos problemas de caixa com o dinheiro da venda de Antony ao Ajax.

A previsão é de que a maior parte do dinheiro (9,750 milhões de euros, cerca de R$ 60 milhões) seja paga no meio de julho. Pelo acordo, o Tricolor receberá os outros 6 milhões de euros no fim do ano.

Na primeira proposta de corte, o São Paulo havia programado uma nova negociação salarial no fim de junho, quando o panorama seria reavaliado diante do cenário da pandemia. Até o momento a única previsão de volta de jogos sinalizada é do Brasileirão para os dias 8 e 9 de agosto.

O Conselho de Administração entende que são necessárias medidas drásticas para conter a crise e deverá debater o assunto nas próximas reuniões, embora não tenha poder de determinar ações práticas no futebol.

De qualquer maneira, uma das discussões consideradas inevitáveis é o corte salarial dos jogadores, por se tratar da maior despesa no departamento de futebol.

Nesta semana, o presidente Leco disse que vender jogadores será questão de sobrevivência depois da pandemia. Além das vendas, algumas possibilidades para conter a crise são renegociar contratos com altos valores – com a opção de aumentar o tempo de vínculo – e negociar rescisão com alguns atletas. Uma ideia seria alongar dívidas para 2021, diante do impacto do coronavírus nas finanças.

Análise do balanço financeiro de 2019 do clube, feita pelo jornalista Rodrigo Capelo em seu blog no GloboEsporte.com, apontou que o São Paulo encara as piores dívidas em ao menos duas décadas.

O endividamento alcançou R$ 538 milhões no ano passado, contra uma receita de R$ 374 milhões.