Há 40 anos, Laffite aproveitou problemas de Jabouille e Jones para vencer em Hockenheim

Há exatos 40 anos, no dia 10 de agosto de 1980, Jacques Laffite conquistou sua única vitória naquela temporada de Fórmula 1. Não sem uma generosa dose de sorte, ou melhor, uma dose de infortúnio de seus adversários: tanto Jean-Pierre Jabouille (Renault) e Alan Jones (Williams) lideraram mas foram acometidos por problemas.

Quando a F1 chegou à Alemanha, equipes e pilotos ainda estavam sob o choque do acidente fatal de Patrick Depailler, ocorrido dias antes, na própria pista de Hockenheim. Como o F1 Memória registrou, o francês teve uma violentíssima batida na curva Ostkurve e não resistiu aos ferimentos. Os pilotos fizeram uma vistoria no lugar, e as proteções foram reforçadas – apenas em 1982, seria criada uma chicane no local para reduzir a velocidade.

As Renault turbo de Jean-Pierre Jabouille e René Arnoux eram favoritíssimas à pole position pela potência do motor, mas o líder do campeonato Alan Jones conquistou de forma espetacular a posição de honra no grid. O australiano ficou 0s04 à frente de Jabouille e foi 0s15 mais veloz do que Arnoux. Laffite foi o quinto no grid, entre Carlos Reutemann (Williams) e Nelson Piquet (Brabham).

Na largada, Jabouille passou por Jones, e os dois lideraram um trem com Arnoux, Laffite, Didier Pironi e Reutemann, todos separados por menos de cinco segundos. Piquet teve uma péssima primeira volta e caiu para 19º, mas, com uma recuperação espetacular, chegou à zona de pontuação (sexto lugar) em apenas 18 voltas, depois que Pironi abandonou.

Pouco antes da metade da corrida, Jabouille e Jones abriram do restante do pelotão, enquanto Arnoux segurava Laffite. Este tinha um carro mais equilibrado, mas não conseguia passar o compatriota devido à potência do motor turbo da Renault.

Mas se o motor Renault era o mais potente do grid, também pecava pela falta de confiabilidade naqueles tempos. Curiosamente, Arnoux e Jabouille abandonaram a corrida pelo mesmo problema (válvula do motor) em apenas duas voltas, na 26ª e 27ª de 45.

Jones assumiu a liderança, seguido por Laffite, Reutemann e Piquet. Os quatro estavam separados por uma grande diferença, então a corrida automaticamente estava virtualmente decidida. Isso, é claro, se não houvesse algum acidente ou falha nos carros…

A apenas cinco voltas da bandeirada, Jones teve um pneu furado na entrada do estádio e teve de entrar nos boxes para uma troca. Depois de 21 segundos de pit stop, o australiano voltou à pista mas caiu de primeiro para terceiro, à frente de Piquet.

Jones ainda quebrou o recorde da pista na volta 43, ao fazer 1m48s49, mas estava muito longe dos dois primeiros para tentar alguma coisa. Laffite só controlou a vantagem para Reutemann, enquanto Jones ainda salvou um pódio, com Piquet, Bruno Giacomelli (Alfa Romeo) e Gilles Villeneuve (Ferrari) fechando a zona de pontuação.

Após a corrida, Laffite estava emocionado por causa de Depailler, morto nove dias antes no mesmo circuito de Hockenheim. O francês não estourou a garrafa de champanhe no pódio e dedicou o resultado ao amigo.

– Você não pode recusar uma vitória. Mas este é o único circuito e o único dia em que eu não gostaria de vencer. Que pena, a profissão tem isso… Mas continuo pensando em Patrick. Para mim, é um triunfo sem alegria – disse o piloto da Ligier.

Apesar de ter perdido a vitória no finalzinho, Jones seguiu na liderança do campeonato com uma boa vantagem de 13 pontos sobre Piquet, que ainda salvou três pontos depois dos problemas no começo da corrida. O embate entre Jones e Piquet continuaria nas corridas seguintes, e, claro, o F1 Memória vai relembrar.