Dois anos após final polêmica, Palmeiras e Corinthians agitam bastidores antes de nova decisão

Muitos clássicos no futebol brasileiro começam bem antes de a bola rolar. Declarações, provocações e movimentos nos bastidores fazem parte de partidas entre rivais, ainda mais as decisivas. E a final do Paulistão, entre Corinthians e Palmeiras, que tem o primeiro jogo marcado para esta quarta-feira, já teve início fora de campo.

Nesta segunda-feira, o presidente do Corinthians, Andrés Sanchez, agitou os bastidores do Dérbi ao afirmar que a equipe não faria testes de Covid-19 antes do jogo, acusando o Palmeiras de não cumprir o protocolo estabelecido pela Federação Paulista de confinamento dos elencos desde o reinício da competição. Posteriormente, a FPF confirmou que os dois clubes serão testados para o segundo jogo da final, no sábado.

O Palmeiras também se mexeu nos bastidores. No domingo à noite, o assessor técnico, Edu Dracena, demonstrou publicamente preocupação com o desempenho da arbitragem na partida, cobrando uma boa atuação e dizendo que o clube tem de “ficar esperto” – a diretoria, porém, considera Raphael Claus, o árbitro definido para o jogo, um nome capacitado para o clássico.

O comentário do ex-zagueiro tem relação com a polêmica da final do Paulistão de 2018, que teve problemas dentro do campo e se estendeu fora dele por vários meses. O ge relembra o episódio abaixo.

O pênalti

Tudo começou com o pênalti marcado pelo árbitro Marcelo Aparecido Ribeiro de Souza do volante Ralf, do Corinthians, em cima do atacante Dudu, do Palmeiras, aos 26 minutos do segundo tempo.

O Corinthians vencia o jogo por 1 a 0 e, com o resultado, levava a decisão aos pênaltis. Para o Palmeiras, aquela era a chance de empatar o jogo e já assegurar o título no tempo normal. Sete minutos e muita discussão depois, porém, o árbitro voltaria atrás e mandaria o jogo ser reiniciado com escanteio para o Alviverde.

Ao final da partida, vencida pelo Corinthians graças ao gol de Rodriguinho no primeiro minuto, e depois com nova vitória alvinegra por 4 a 3 nos pênaltis, a diretoria do Palmeiras disse que o campeonato foi “estragado, jogado no lixo”. Foi quando Maurício Galiotte, presidente do clube, usou uma expressão que se tornaria famosa: chamou a competição de “Paulistinha”.

A revolta se estendeu à torcida. Naquele mesmo dia, a sede da Federação Paulista foi apedrejada e teve o símbolo do Corinthians arrancado de um portão.

Veio a segunda-feira, e o Palmeiras foi além das reclamações: rompeu relações com a Federação e decidiu ir à Justiça para pedir a anulação do resultado, sob a justificativa de uma suposta interferência externa, o que era proibido à época, quando não existia VAR no Brasil.

Para tentar provar seu ponto, o Palmeiras levantou imagens das câmeras de segurança de sua arena e da transmissão. Segundo o clube, dois membros da FPF ligados à arbitragem (Dionísio Roberto Domingos e Márcio Verri Brandão) estariam à beira do campo, com celulares na mão, e teriam sido os responsáveis por passar a informação do erro ao juiz.

O clube também contratou uma das maiores empresas de investigação privada do mundo, a Kroll, para tentar provar que houve interferência externa na decisão do árbitro. Porém, não deu resultado.

A decisão do STJD

Em decisão unânime, os auditores do STJD rejeitaram o pedido para impugnação da partida em setembro de 2018. Em comum, entenderam que o Palmeiras não conseguiu apresentar provas que sustentassem o argumento de interferência externa. Um deles, Mauro Marcelo, disse que tinha a impressão de que havia ocorrido interferência externa, mas ressalvou que lhe faltava “convicção absoluta”.

Diante do resultado, o Palmeiras emitiu uma nota em que anunciava a desistência de levar o caso a instâncias internacionais. Daquela forma, o Corinthians era confirmado como campeão paulista de 2018.

Dois anos depois…

Passados dois anos, o mais polêmico dos Dérbis recentes continua atiçando a rivalidade entre Corinthians e Palmeiras.

No clássico do dia 22 de julho, quando foi retomado o futebol em São Paulo depois da paralisação por causa da pandemia do novo coronavírus, um drone sobrevoou a arena corintiana com uma faixa que dizia: “Eterno 8/4. Que momento. hahaha”. É justamente a data da decisão de 2018.

Pouco depois, confirmada nova vitória de 1 a 0 do Corinthians, o telão do estádio mostrou uma mensagem parecida, também relembrando o jogo de dois anos antes.

A nova final

Corinthians e Palmeiras começam a decidir o Campeonato Paulista de 2020 nesta quarta-feira, às 21h30, em Itaquera. A TV Globo, o SporTV e o Premiere transmitem ao vivo. O ge acompanha em tempo real, com vídeos exclusivos dos principais lances.

O segundo jogo será no sábado, às 16h30, na arena palmeirense. Não há saldo qualificado. Em caso de igualdade em pontos e saldo de gols, a decisão irá aos pênaltis.

Por causa da final, a estreia de Corinthians e Palmeiras no Brasileirão foi adiada.