“Se olharmos todos os processos de uma empresa, sempre vamos achar oportunidades de melhorá-los”

Neste sábado (25), comemora-se o Dia da Indústria. Em Mandaguari, temos 363 empresas deste segmento e todas contribuem diariamente para o crescimento e desenvolvimento da cidade, cada uma a seu modo.

Para comemorar a data, falaremos sobre a maior indústria de Mandaguari: a Romagnole. A empresa apareceu no ranking da Revista Época Negócios como a segunda maior indústria do setor de mecânica e metalurgia do Brasil. Já quando o assunto é gestão de pessoas, o ouro é mandaguariense, a Romagnole é a melhor do país.

Para saber a que se pode atribuir tanto sucesso, conversamos com o novo diretor da indústria de transformadores do grupo Romagnole, José Roberto Lima. Ele está no cargo desde o início deste ano e em entrevista exclusiva à Agora Comunicação, contou um pouco mais sobre sua trajetória e como estão os trabalhos à frente da empresa que é destaque nacional no setor de produtos elétricos.

Apesar de ser paulista, Lima conta que seu coração é paranaense. “Nasci em São Paulo, mas minha família veio para o Paraná quando eu era novo. Meu pai era representante de um laboratório farmacêutico e veio trabalhar aqui. Me recordo que estive em Mandaguaçu e Marialva. Até os meus 11 anos, me lembro de ter vivido boas histórias na região”, declara.

O diretor falou ainda sobre como está sendo o retorno ao noroeste paranaense. “Foi uma experiência muito gratificante ter esse novo encontro com o Paraná, desta vez através da Romagnole, uma empresa com uma história de 57 anos de coisas boas. Inclusive neste momento, a empresa está passando por um período muito bom, estamos produzindo bastante e, para mim, vir trabalhar aqui e, com a minha experiência, poder participar desse processo de crescimento da empresa me fez muito bem profissionalmente”, afirma.

No currículo de José Roberto Lima muita experiência. A prova de que ele veio para somar na equipe da Romagnole. “Tenho uma longa experiência no setor elétrico. Eu estava trabalhando em São Paulo nos últimos anos, mas já atuei em empresas nos Estados Unidos também. Estou muito feliz de continuar nesta área, só que agora em uma indústria deste porte”, disse.

O diretor falou ainda sobre os planos para 2019. No início deste ano, a diretoria da Romagnole anunciou uma perspectiva de 24% de crescimento, além de investimentos altíssimos da empresa. “Nós acreditamos muito neste momento que estamos vivendo. Mas apesar disso, é importante ressaltar que a Romagnole tem feito um trabalho muito bom ao longo do tempo. Ela se preparou para a crise que tivemos e se manteve firme. Agora, com a expectativa com as reformas, de investimentos que teremos no Brasil, estamos trabalhando firmemente nas melhorias. A Romagnole tem uma boa gestão, a administração tem muito zelo pelas pessoas que ali trabalham e pelos números a serem alcançados. Eles tem conduzido os negócios de maneira saudável”, contou.

Programa Melhoria Contínua

Outro ponto abordado por Lima é uma filosofia da empresa chamada Melhoria Contínua, cujos precursores foram os japoneses, no período após a Segunda Guerra Mundial. “O plano é levar a organização para uma uma manufatura enxuta, como chamamos. O foco é realmente reduzir desperdícios. Hoje existem sete desperdícios que reconhecemos, desde transportes, estoques, movimentos, até tempo de espera dos processos. Então nós trabalhamos nesses gargalos com o objetivo de criar projetos e times multifuncionais, olhando para os desperdícios e fazendo planos de ações para reduzirmos eles e continuarmos com produtividade e qualidade. É um processo no qual sempre estamos trabalhando, é algo que não tem fim, por isso é contínuo. Se olharmos todos os processos de uma empresa, sempre vamos achar oportunidades de melhorá-los”, afirma.

E Lima tem razão. A filosofia de melhoria contínua e manufatura enxuta está em alta e tem sido tema de debates, pesquisas e produções. Há cerca de três anos o trabalho que a Romagnole faz nessa área foi destaque no livro “Manufatura Enxuta Como Estratégia de Produção”, escrito por Dalvio Ferrari Tubino e publicado pela Editora Atlas em 2015.

O conceito, que até então tinha as empresas estrangeiras como referências, foi pela primeira vez abordado citando como exemplo uma empresa brasileira. Ou melhor, mandaguariense.

Crescimento

Para finalizar, Lima deu conselhos para pequenos comerciantes, afirmando que estratégia de melhoria contínua não deve ser uma preocupação apenas de grandes empresas, pois são as pequenas melhorias que a fazem o empreendimento avançar de tal forma, que ele não regride mais. “Uma questão evidente nos pequenos negócios é que o gestor acaba fazendo tudo. Ele bate o pênalti, apita o jogo, enfim, é assim que acontece. O que eu diria como orientação básica é para procurar o Sebrae. Este órgão é um grande fomentador das pequenas empresas nas boas práticas. Quando falamos em melhoria contínua, é aquele objetivo de realmente reduzir desperdício, olhar para o seu projeto com outros olhos, sair um pouco da rotina, pois de tão envolvido com o próprio negócio, o empresário acaba não vendo as oportunidades que batem à porta. Então cabe essa pausa para reflexão, a busca por apoio, conselhos de pessoas que conhecem um pouco do assunto”, conclui.

O gerente executivo industrial do setor de transformadores da empresa, Clayton Soares, concedeu entrevista para falar sobre outro projeto desenvolvido pela Romagnole: Indústria 4.0.

“O Indústria 4.0 é um conceito lançado na Feira Industrial da Hannover pelo governo alemão em 2011. Este conceito alavanca as principais tecnologias atuais, mas no Brasil ele está se inserindo de forma lenta. Uma pesquisa mostrou que 43% das empresas no Brasil desconhecem esse tema, ou seja, estamos atrasados em relação aos outros países quando o assunto é tecnologia”, disse.

Na oportunidade, Soares ainda falou sobre como o empreendedor pode buscar se modernizar, ainda mais em momentos de crise. “Utilizando o que já está funcionando, conseguimos adaptar para o novo. Ou seja, adaptar o antigo ao moderno. Fazendo essa migração aos poucos e adotando, também aos poucos, novas tecnologias, é possível acompanhar essa evolução tecnológica”, explicou.

Mas o assunto também envolve pessoas. Como nós, trabalhadores, estamos tentando acompanhar as evoluções? “Acredito que essa demanda não surgiu apenas com a implementação de mais tecnologias na indústria. De uma maneira geral, nas últimas décadas tem aumentado nossa necessidade de acompanhar essas evoluções. Trabalhos repetitivos têm sido substituídos por robôs e isso só tende a aumentar”, disse.

A solução então seria se tornar um profissional com QI digital. Mas o que seria isso? “É a habilidade de entender e se adaptar às novas tecnologias. Conhecê-las”, explicou.

 

* Matéria publicada na 303ª edição do Jornal Agora