“Depressão”

Geralmente, meu artigo semanal publicado aqui no Jornal Agora possui tema livre, ou seja, escrevo aquilo que me dá vontade, seja sobre minha experiência, sobre fatos do cotidiano, ou mesmo o contexto nacional, principalmente político.

Mas nesta semana, tanto Amanda Bebiano quanto Roberto Júnior, que montam a edição, me sugeriu que eu falasse sobre depressão, dado mais um acontecimento de suicídio em Mandaguari, talvez passando pela experiência que vivi.

Não tenho a propriedade de um psicólogo para falar, muito longe disto, mas por estar a muitos anos em processo terapêutico, considero que aprendi razoavelmente sobre o tema.

Minha experiência pessoal passou bem longe do desejo de colocar fim à própria vida. Isso nunca me ocorreu. Também jamais fui submetido a qualquer tipo de medicamento. Mas a depressão dói, dói muito, e dói em silêncio, sem que quem esteja ao nosso lado perceba.

As redes sociais, a ditadura da beleza, a necessidade de sempre ser jovem e feliz, temas que já discorri nesse espaço, todos contribuem de alguma forma para que o “mal do século” continue avançando a passos galopantes.

Fazer terapia, seja para tratar a depressão, seja pela busca do autoconhecimento, custa muito caro. Caro para quem paga, que fique claro. Percebo muitos profissionais da área que buscam as mais diversas alternativas para poder chegar ao maior número de pessoas.

A exemplo do nosso sistema de ensino, sucateado e ultrapassado, a saúde pública ainda não se deu conta da gravidade do problema, que em boa parte dos casos é canalizado para álcool, drogas e violência.

É latente a necessidade que, municípios principalmente, invistam pesado em políticas públicas contra a depressão, contratando mais profissionais e desenvolvendo atividades que possam reduzir os danos provocados pela doença, em adolescentes e idosos, principalmente.

Mas não. Asfalto dá mais voto. Comprar e amontoar veículos em pátios de almoxarifados dá mais popularidade. Depressão é doença silenciosa. Isso o eleitor não vê, e político só faz o que lhe dá retorno. Comprar viatura para prender o jovem que não foi assistido “lá atrás” é mais “rentável politicamente”. Construir cadeias para amontoá-los também. Liberar as armas rende manchetes. Esse é o nosso retrato. Salve-se quem puder.