“Aposta”

Jair Bolsonaro foi eleito com o discurso da negação à política. Apesar dos seus inúmeros mandatos, e de os três filhos estarem também gozando de mandato eletivo, o Presidente da República encarnou muito bem a posição de quem era contra “tudo isso que está aí”.

O discurso politicamente incorreto também casou bem para o momento. Bolsonaro disse tudo o que pensava, sem filtros, e esses posicionamentos somente lhe deram mais votos, ao contrário de eleições anteriores, quando um simples deslize gramatical foi suficiente para dizimar candidaturas. Com essa linha, quebrou dois paradigmas: se tornou competitivo e venceu a eleição.

Essa semana, ele deu declarações para lá de polêmicas em viagem aos Estados Unidos. Informado sobre as manifestações de estudantes no país, Bolsonaro disse que se tratava de idiotas úteis e imbecis.

Em outros tempos, seria uma hecatombe com consequências devastadoras. Com Bolsonaro pode não ser bem assim. Percebo pelas redes sociais que “seguidores” com capitão receberam essa declaração como um chamado para a guerra, ou seja, partiram para cima dos manifestantes das universidades.

Não entro no mérito das manifestações e muito menos no teor do que declarou Bolsonaro, mas nada do que diz é impensado, de maneira inconsequente. Ele sabe muito bem que sem sua tropa de choque, não se sustenta. Logo, o “fla-flu”, esquerda x direita precisa continuar.

A aposta é dobrada a cada crise, a cada pressão, a cada manifestação. Existem duas possibilidades: Bolsonaro atravessar o “deserto”, se tornar um grande presidente e ficar marcado para a história, ou então não terminar o mandato e sair de Brasília defenestrado pelo Congresso. Assim como nos cassinos, quando se dobra a aposta, são só duas alternativas. Sair milionário, ou “quebrado”.