Setor de bares e restaurantes pede o retorno do horário de verão

A Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) enviou uma carta ao presidente Lula, ao vice-presidente Alckmin e ao ministro do Turismo Sabino pedindo o retorno do horário de verão, que foi suspenso em 2019. Eles argumentam que isso ajudaria bares e restaurantes, aumentando suas vendas em cerca de 10% a 15%. A Abrasel diz que, após a pandemia, essa medida beneficiaria um setor que emprega muitos brasileiros e possui muitos estabelecimentos no país.

A associação também afirma que o horário de verão traria a economia, especialmente no comércio e no turismo, pois os turistas aproveitariam mais os destinos, prolongando suas atividades até mais tarde. Além disso, o retorno do horário de verão proporcionaria mais luz natural durante o dia, o que aumentaria o consumo e a presença de clientes nos estabelecimentos, além de tornar as cidades mais movimentadas e seguras.

O horário de verão foi criado em 1931, durante o governo de Getúlio Vargas, mas só se tornou constante em 1985. A ideia era economizar energia aproveitando a luz natural durante o verão, quando os dias são mais longos e as noites mais curtas, o risco de apagões.

Posição do Ministério de Minas e Energia

Na semana passada, a área técnica do Ministério de Minas e Energia avaliou não ser necessário retomar em 2023 o horário de verão. A decisão final sobre uma eventual retomada, no entanto, não cabe à pasta.

A avaliação é que a situação dos reservatórios e a oferta de fontes renováveis são suficientes para garantir o fornecimento de energia. Além disso, entendem que o comportamento de consumo mudou ao longo do tempo, tornando a medida menos eficaz.

De acordo com dados do Operador Nacional do Setor Elétrico (ONS), os níveis dos reservatórios das hidrelétricas devem chegar ao fim deste mês acima de 70% no Sudeste, Centro-Oeste, Nordeste e Norte.

“É importante ressaltar que o período tipicamente seco está próximo do seu encerramento, o que torna os resultados de EAR [energia armazenada na forma de água nos reservatórios] mais relevantes”, informou o NOS.

Suspensão no governo Bolsonaro

Em 2019, no governo do então presidente Jair Bolsonaro (PL), o horário de verão foi suspenso. A medida já era avaliada no governo de Michel Temer (MDB).

Na ocasião, o governo afirmou que o adiantamento dos relógios em uma hora perdeu “razão de ser aplicado sob o ponto de vista do setor elétrico”, por conta de mudanças no padrão de consumo de energia e de avanços tecnológicos, que alteraram o pico de consumo de energia.

A suspensão do horário de verão resistiu inclusive à crise hídrica de 2021. Na época, o governo chegou a estudar a retomada da política, solicitando um parecer do ONS.