Jornais de avião indiano que caiu em 1966 ‘reaparecem’ nos alpes franceses
Pouco mais de uma dezena de jornais de 1966 foram encontrados meio aos alpes franceses, sob o gelo que derreteu recentemente do Mont Blanc.
Acredita-se que sejam de um avião da Air India que caiu no local 54 anos atrás, em 24 de janeiro, matando todas as 117 pessoas que estavam a bordo.
As capas que reapareceram mostram a histórica eleição de Indira Gandhi, a primeira – e até hoje única – mulher a ocupar o cargo de primeira-ministra.
Os títulos, que incluem o “National Herald” e o “Economic Times”, foram encontrados por Timothee Mottin, dono de um restaurante local, próximo à estação de esqui de Chamonix.
“Eles estão secando, mas estão em ótima condição. Dá até para ler”, disse à agência de notícias AFP.
Quando estiverem secos, Mottin planeja colocá-los expostos no restaurante, como parte de uma coleção de itens encontrados nas últimas décadas, desde que a aeronave caiu na região.
As “relíquias” mais valiosas surgiram em 2013 – uma caixa de pedras preciosas que continha esmeraldas, safiras, rubis, com um valor estimado de algo de US$ 147 mil (cerca de R$ 791 mil) US$ e 279 mil (R$ 1,5 milhão).
O aumento das temperaturas no planeta tem provocado o degelo de glaciares em montanhas em diferentes regiões e a redução das calotas polares.
Em setembro, autoridades francesas alertaram que parte do glaciar Planpincieux, localizado na área do maciço de Mont Blanc conhecida como Grandes Jorasses, estava frágil e podia colapsar.
O voo 101 da Air India fazia o trajeto entre Mumbai e Londres quando caiu perto do cume da cordilheira no dia 24 de janeiro de 1966.
Ela havia feito duas paradas – em Nova Dhéli e em Beirute, no Líbano -, e estava a caminho de uma terceira em Genebra, na Suíça.
Durante o procedimento de descida, entretanto, a aeronave colidiu com a montanha, matando os 106 passageiros e 11 tripulantes a bordo.
Quem foi Indira Gandhi?
Indira Gandhi era filha de um outro primeiro-ministro indiano, Jawaharlal Nehru, o primeiro a ocupar esse cargo.
Depois do pai, Indira foi a primeira-ministra mais longeva do país.
Eleita duas vezes, assistiu a um fim de primeiro mandato turbulento, em que a Índia viveu por dois anos em estado de emergência, entre 1975 e 1977 – quando ela resolveu convocar novas eleições.
A ideia era reafirmar sua autoridade, mas a estratégia deu errado e ela teve de deixar o poder.
Reeleita em janeiro de 1980, Indira permaneceu no cargo até ser assassinada em 1984 por seus próprios guarda-costas, que eram da etnia sikh.
A tragédia aconteceu após a chamada Operação Estrela Azul, uma incursão militar das Forças Armadas indianas contra militantes sikhs na província de Punjab.