Alegria, carinho e mazelas

Experiência de acompanhar a Seleção Brasileira em dois jogos oficiais nos apresentou duas cidades encantadoras, acolhedoras, mas com um povo, em sua maioria, pobre e carente

Belém, capital do Pará, é uma cidade extraordinária, turística, com uma infinidade de opções no lazer e na gastronomia. Seu povo é muito caloroso, atencioso, gentil propriamente. É uma mistura do nordeste com os indígenas, nativos, com pitadas europeias. A religiosidade é latente.

Lima tem ares parecidos. As pessoas são extremamente gentis, dóceis, e diante de brasileiros, ainda mais respeitosos e reverentes. Os peruanos tem profunda admiração pelo Brasil. Eles se comportam inclusive se colocando um degrau abaixo.

Em comum, além dos aspectos citados acima, lugares onde prevalece uma disparidade socio econômica enorme, maior até que as verificadas dentro da nossa realidade loco-regional. Gente muito rica convivendo com gente miserável.

Hospitalidade

Belém possui uma característica curiosa. Cada pessoa que chega no aeroporto recebe um Sol de presente. Isso mesmo. Um calor para cada um. Proporcional ao calor é a boa vontade dos paraenses em atender bem e com carinho.

Por onde se passa um sorriso, em toda abordagem a busca por uma solução. Religioso, o povo paraense possui outra característica marcante, além da religiosidade: o orgulho de suas origens e o apego a uma tribo, no caso o futebol.

O Pará é dividido ao meio entre bicolores e azulinos. Bicolor é quem torce para o Paysandu. Azulino é torcedor do Remo, os dois principais times do Estado. Aliás, uma quadra separa o Estádio da Curuzu (Paysandu) do Baenão (Remo). Ambos estão na Série C do Brasileirão, porém o potencial é muito maior, tamanha a paixão. Por onde se passa alguém está vestindo a camisa de um dos dois.

A paixão pela Seleção Brasileira chamou a atenção do país. A hospitalidade aos jogadores e a quem estava trabalhando, também. Estádio lotado, hotel do Brasil sempre com uma multidão em frente. Ao final, um povo feliz com a bela vitória sobre a Bolívia por 5 a 1. Belém, da riqueza no centro e da extrema pobreza na periferia, mereceu esse presente de Neymar e companhia.

Reverência

Lima é uma cidade cinza. Além de não chover a maior parte do ano, o Sol também pouco dá as caras. O tempo está sempre nublado, e os motoristas, esses são um caso a parte. A capital do Peru possui o trânsito mais caótico do continente. É um verdadeiro vale tudo.

“Quem dirige em Lima dirige em qualquer lugar do mundo”, brinca comigo um motorista de aplicativo. O centro é bonito, rico, com largas avenidas. A periferia é ainda mais pobre que a de Belém, com pouca ou quase nenhuma infraestrutura.

Generoso, o povo peruano trata os brasileiros como superiores. Serve para o futebol, serve para tudo. Facilita tudo, abre as portas, mostra os caminhos. Em todo e qualquer lugar que se frequente.

Nas ruas, muitos, mas muitos ambulantes. Gente pobre, nativos, que cultivam a tradição inca. Aliás, Inkacola é nome de refrigerante, Inkafarma é nome de farmácia. A origem inca está por toda parte, no semblante, nos costumes, por toda parte.

Em campo, um empate contra os canarinhos, como chamam os brasileiros, seria muito bem-vindo. O gol brasileiro no minuto 90 frustrou os peruanos, que por um instante sonharam se igualar aos brasileiros, ao menos em campo. Não foi desta vez.

Apoio

A cobertura da campanha brasileira no início das Eliminatórias para a Copa de 2026 na Agora Comunicação conta com patrocínio de SPK Uniformes Profissionais, BW Telecom e Farmácia do Povo.