A revolução é feminina

Dia 8 de março se comemora o Dia Internacional da Mulher. E mesmo que em todos os anos o mesmo discurso é implantado, de que as mulheres merecem ser tratadas como rosas e que o dia da mulher é todos os dias, não é o que vemos no dia a dia. Violência, exploração e humilhação é o que temos para hoje num país onde o patriarcado reina e qualquer uma, ou um, que seja contra esse sistema é tratada como louca, militante e imprópria para viver em sociedade.

Somos silenciadas simplesmente por dar nossa própria opinião e vivermos sem se importar com os julgamentos e regras da sociedade, somos taxadas por querermos agir e ter comportamentos considerados normais por homens, mas impróprios para mulheres só por serem mulheres.

O que nos enfraquece ainda mais é saber que a maioria desses julgamentos e pensamentos arcaicos vem das próprias mulheres, quando na verdade deveríamos nos unir e fazer uma sociedade melhor para vivermos. Porém muitas vezes não podemos julga-lás por ainda estarem nas garras do patriarcalismo pois isso vem de criação e sabemos que o país ainda é conservador ao extremo e todas as mulheres, desde 1500, foram treinadas e ensinadas a obedecerem o que ditam os homens.

E ainda assim, em pleno século 21, muitas não sabem o quão importante e histórico é o dia da mulher, não é simplesmente um dia simbólico e cheio de “frufrus”, e sim um dia político de manifestação e comemoração do feminismo.

No dia 8 de março de 1908 nos Estados Unidos ocorreu um acidente criminoso em uma fábrica têxtil onde 129 operárias morreram queimadas após o patrão trancá-las e colocar fogo dentro do local. Dias antes essas mesmas operárias estavam fazendo uma greve por direitos trabalhistas, já que trabalhavam em péssimas condições e o salário era baixo, e também pela falta de igualdade entre homens e mulheres já que elas recebiam 50% a menos que os homens e trabalhavam cerca de 12 horas por dia. Na época o acidente foi abafado e nada foi feito para justiçar aquelas mulheres que foram silenciadas da pior forma.

Com esse acidente e muitos outros que “surgiu” o movimento do feminismo, que visa lutar e garantir direitos das mulheres, incentivado, em 1909, por mulheres socialistas dos Estados Unidos. Em 1911 ocorreu a Segunda Convenção de Mulheres Socialistas na cidade de Copenhagen, na Dinamarca, onde debateram sobre os direitos das mulheres como direito ao voto, licença maternidade, direito das mulheres mães e muitos outros.

Todos os direitos que temos atualmente não foram dados à toa e de mão beijada pelos homens, foram conquistados duramente por mulheres feministas durante todo o século 20 e 21. Dizer que os direitos das mulheres foram cedidos por homens seria o mesmo que dizer que a abolição da escravidão foi dada pelos donos de escravos.

Com esta convenção de mulheres foi surgindo o dia das mulheres em diferentes datas e em diferentes países e foram se organizando para ser um dia de luta e manifestações pelos direitos das mesmas. Em outros países foram surgindo mais grupos de mulheres trabalhadoras que provocaram manifestações, greves e atos políticos contra a cultura de seu país e as explorações que sofriam na época, muitas delas protestavam contra a Primeira Guerra Mundial e contra os governos autoritários.

Por isso é importante não esquecermos da verdadeira história do dia 8 de março, do dia das mulheres, para que a luta de nossas conterrâneas não tenha sido em vão e para sempre progredirmos e lutarmos pelos nossos direitos de sermos mulheres livres.